segunda-feira, 28 de março de 2011

Jornalista de A Tarde pede demissão após censura em texto sobre Ivete Sangalo

Por Emanuella Sombra

Comunico que hoje, 28 de março, pedi demissão de A Tarde, jornal baiano, onde trabalhei nos últimos quatro anos como estagiária do Alô Redação, repórter de Local e, nos últimos 12 meses, repórter da Muito. Faço isso após o editor-chefe, Ricardo Mendes, determinar a supressão de trecho de entrevista que fiz com a cantora Ivete Sangalo, a ser publicada no próximo domingo, 3 de abril, na edição 157 da Muito.

O referido trecho diz respeito a duas perguntas referentes, respectivamente, à crise na sua empresa, a Caco de Telha, e ao processo envolvendo seu ex-baterista, Tonho Batera. As duas perguntas foram pronta e educadamente respondidas pela cantora, sem qualquer indicação de que eu não pudesse publicá-las. Foram feitas após sua assessoria explicar que Ivete só não falaria: 1 - sobre sua vida pessoal e 2- sobre polêmicas envolvendo outros cantores. Portanto, sem que nem mesmo a assessoria da cantora me censurasse antecipadamente.

Quando saí da redação para fazer a entrevista na última sexta-feira, 25 de março, estava ciente de que o foco principal era o Troféu Dodô & Osmar, promovido e realizado pelo Grupo A Tarde, no qual Ivete Sangalo será mestre de cerimônias, e que se tratava de uma edição especial em homenagem ao prêmio. Sei que todas as empresas de jornalismo desse país possuem interesses econômicos. Não estou saindo da empresa com uma ideia romântica do que é a minha profissão ou do que não vá enfrentar novamente. Mas para mim, neste momento, publicar uma entrevista de capa, com oito páginas internas de perguntas e respostas, em que, aos olhos do leitor, não se toca em dois dos assuntos mais relevantes envolvendo a cantora (isso pelo menos nos últimos três meses) é praticar um anti-jornalismo ao qual, em quatro anos de profissão, não estou acostumada.

Mais ainda quando se trata da primeira oportunidade em que Ivete falou sobre o caso em uma entrevista, de forma paciente e educada, longe dos bastidores do show business, sem nenhum tipo de pressão, e explicou qual sua versão dos fatos, afirmando que o irmão continua à frente dos negócios mesmo à distância – uma informação nova, de extrema relevância para o caso, ainda mais se dita por ela. Deixo claro que tomo esta decisão após solicitar ao mesmo editor-chefe que eu não assinasse a matéria por respeito à minha consciência e ao leitor, que certamente achará estranho uma entrevista tão longa ignorar o caso Caco de Telha. O pedido foi prontamente negado por ele.

Quero agradecer a todos os colegas com quem trabalhei, em especial Marlene Lopes, quem primeiro me incentivou a fazer um bom trabalho nesta empresa, Kátia Borges, editora das mais competentes e sábias que conheci, e Nadja Vladi, que vem fazendo, semana a semana, um ótimo trabalho na Muito. Se um jornal tem em mãos um material de relevância jornalística e decide não publicá-lo para não correr o risco de ferir suscetibilidades ou atender a qualquer outro interesse que não o de informar, nada mais faz do que pôr em risco a própria credibilidade. Da minha, eu não abro mão.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Absorventes ecológicos e o Ayurveda



Por: Sabrina Alves


Sou usuária de absorventes ecológicos há pelos menos 5 anos. Sempre tive problemas com os descartáveis vendidos em farmácia e com praticamente todas as marcas, e olha que nunca usei os internos. Quando fui estudar Ayurveda, logo me dei conta que, segundo a filosofia, não bastava eu saber meu biótipo, precisava expandir a compreensão daquilo que me desequilibrava. E, como mulher, percebi que no mundo de hoje a maioria das coisas que me desequilibravam, desequilibravam também a maioria das mulheres. E um dos grandes perturbadores da vida plena de uma mulher é o absorvente descartável e, mais ainda, os de uso interno.

Os estragos, embora enormes, são silenciosos e "silenciados". Variam desde alergias de contato, assaduras, fissuras, sem contar que com o abafamento úmido, a imunidade local e a flora vaginal baixam virando porta de entrada para todo o tipo de invasão, bactérias e vírus.

Para saber mais sobre a composição dos absorventes descartáveis recomendo fortemente a visita ao site pioneiro no Brasil "Coisas de Mulher" da Diana Hirsch (http://www.coisasdemulher.com.br). Lá fala sobre a composição absurda (metais, surfactantes, desinfetantes, fragrância, bactericida, fungicida, gel absorvente, colas, e traços de organocloretos entre outras coisas) que insistem em colocar no meio das nossas pernas sem nenhum órgão regulamentar o que pode ou não colocar no produto.

Para o Ayurveda é bem simples o raciocínio: está lá o subdosha Apana Vata, o movimento e fluxo descendente localizado e manifesto em tudo aquilo que segue o caminho da eliminação para baixo: fezes, urina e sangue menstrual. O sangue menstrual tem um caminho muito claro para seguir: direto para o centro da terra. O fato é que com esse monte de "quinquilharia" dentro e no meio de você, não tem Apana vata que dê conta de eliminar todo o conteúdo do seu endométrio.

No Ayurveda é muito óbvio que desarmonias como ovários policísticos, endometriose, vaginite, entre outras, uma das causas seria o uso desses "intrusos". As células não eliminadas corretamente migram e se alojam em lugares indevidos "dando crias de doenças" e infertilidade. Mas sei bem que não basta eu falar, escrever e recomendar. A raiz do problema é forte e longa. Muitos anos acreditando que o sangue menstrual é sujo e repugnante, fica realmente complicado pensar como voltar a usar as toalhinhas que as avós usavam. Precisamos de mudanças reais. Um novo paradigma.

As novas "Toalhas da Vovó" são bem mais próximas de nossa vida moderna, urbana e cotidiana. São de flanelas ou de algodão orgânico; têm abas laterais, tamanhos diversificados, para tipos de fluxo e para horas do dia também (diurno e noturno). Mas se ainda sentir nojo do próprio sangue, ou vier com a velha falácia de que "não tem tempo", ou que isso é atrasado, ainda continuará a fazer parte da massa de mulheres reféns da tecnologia barata dos absorventes e "rolhas" descartáveis.

Já os coletores, que não são absorventes, pois "coletam" e "aparam", estão entrando muito bem no mercado. Coletores menstruais são copinhos de silicone ou látex, usados como....COLETORES internos. Ao invés de absorver a menstruação, o sangue fica retido no copinho a espera que você o esvazie. É também ecológico porque não gera lixo e lavável, de fácil manutenção e uso. Também não resseca as mucosas vaginais. Há uns anos eu só conseguia em sites australianos e espanhóis. Mas hoje já é possível encontrar no Brasil. Realmente uma maravilha para as mulheres que tem problemas com o Ph do sangue em contato com a mucosa da vagina (mas isso no Ayurveda também é considerado uma desarmonia; fica para um outro artigo).

Mas usando o raciocínio do Ayurveda ele ainda restringe o Apana vata, por ser "coletor" e não permitir o "livre fluxo" do prana. Estou condenando o coletor? Não!! Tenho estimulado muito as mulheres que me procuram em consultas e também as dos círculos de mulheres a usarem. Uma boa forma de se tocarem e começar a melhorar a relação com próprio sangue, pois assim terão de ficar cara a cara com ele. Muito embora minha orientação seja para que tenham tanto o "absorvente ecológico" como o "coletor". Principalmente para as que são atletas, dançarinas/bailarinas e que não tenha como se recolher durante a menstruação. Ficando o "coletor" para os dias de treino e apresentação e para os dias restantes o "absorvente ecológico".

Acabo usando-o como o "caminho de tijolos amarelos" que levará para liberdade de escolha e auto-gestação feminina.

Fonte: http://yogajournal.terra.com.br/show_coluna.php?id=1082

quarta-feira, 9 de março de 2011

A senhora das Palavras - Juíza Luislinda Valois



"Enfrento obstáculos todos os dias porque sou mulher, negra, minha religião é o candomblé, sou nordestina e uso cabelo rastafari. Mas isto não me impede de ir atrás e conseguir meus objetivos. Sou juíza e em breve serei a primeira desembargadora negra do Brasil"

Luislinda Valois

Todo homem é inimigo até ser educado para o contrário

Neste 8 de março, resgato uma idéia que já havia discutido aqui, mas que não mudou muitos nos últimos tempos: o jornalismo ajuda a manter, de diversas formas, a desigualdade de gênero:

Vocês já repararam que muitos veículos de comunicação quando citam pela segunda vez o nome de um entrevistado, repetem o sobrenome no caso de homens e o primeiro nome no caso de mulheres? “De acordo com Fonseca” em contraste a “segundo Paula”. Já perguntei a um editor de um veículo que faz isso o porquê e ele disse que era apenas um padrão adotado para não confundir o leitor, uma vez que é mais comum chamar o homem pelo sobrenome do que a mulher. Mais respeito dedicado a um, mais informalidade a outra?

Parece besteira esse tipo de coisa, mas minha profissão está recheada de sexismo de linguagem. Isso sem falar dos temas abordados, como saúde da mulher, que, contraditoriamente ,são tratados muitas vezes sob o ponto de vista masculino. Quando se adota um manual de redação, algumas dessas arestas são aparadas, mas ele não resolve tudo.

Há muitas bizarrices cravadas em nossa formação e até os que têm consciência disso cometem barbaridades de vez em quando – eu, envergonhadamente, sou um exemplo disso. O que me lembra uma antiga militante pelos direitos das mulheres que dizia que todo o homem é inimigo até que tenha sido educado para o contrário. Nesse sentido, a formação educacional e social dos jornalistas continua pré-histórica, retrato do restante de nossa sociedade.

Apesar delas serem a imensa maioria nas redações, são minoria nos cargos de alto comando. Há poucas que fazem parte das equipes que escrevem os editoriais. Na média, também recebem salários menores que os dos homens. As editoras, muitas vezes, têm que trabalhar mais e mostrar serviço por serem testadas o todo o tempo. Isso sem contar o estresse de não poder engravidar e ter filhos para não perder o que já foi conquistado devido ao afastamento.

Já participei de encontros reunindo representantes de veículos de comunicação progressistas. Muitas vezes são poucas as mulheres presentes, o que mostra que o problema não afeta apenas um grupo ou uma posição ideológica.

Neste 08 de março, gostaria de poder dizer que tudo isso vai mudar e rápido. Mas tenho certeza que não. Jornalistas acham que são iluminados pela razão. O jeito que tratamos nossas companheiras de trabalho – conscientemente ou não – mostra que não, que vamos na mesma lenta toada da sociedade como um todo, engatinhando para sair da idade das trevas do preconceito.


Retirado do Blog do Sakamoto - http://blogdosakamoto.uol.com.br--

quinta-feira, 3 de março de 2011

Jornada das Mulheres da Via Campesina mobiliza nove estados contra os agrotóxicos

A Jornada de Lutas das Mulheres da Via Campesina já mobilizou nove estados denuncia os impactos para a saúde humana e para o ambiente do uso abusivo dos agrotóxicos e aponta a responsabilidade do modelo de produção do agronegócio.

Em todo o Brasil, as camponesas, em conjunto com outros movimentos urbanos, denunciam que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, inclusive de agentes contaminantes totalmente nocivos a saúde humana, animal e vegetal que já foram proibidos em outros países do mundo.

Segundo dados do Sindicato da Indústria de Defesa Agrícola, os estados de Mato Grosso, Paraná e São Paulo são, respectivamente, os maiores consumidores de veneno.

Nesta quarta-feira, aconteceram atividades em três estados: Ceará, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Confira o que aconteceu estado por estado:

No Rio de Janeiro, cerca de 300 mulheres trabalhadoras do campo e da cidade ocuparam a sede do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no centro da capital carioca. O objetivo da mobilização é denunciar os altos investimentos e empréstimos do BNDES à indústria dos agrotóxicos e às transnacionais da agricultura, que compram e lançam os venenos agrícolas nas lavouras brasileiras.

No Ceará, mais de 1.000 mulheres dos movimentos sociais do Ceará, como o MST, o Movimento dos Conselhos Populares e a Central dos Movimentos Populares, fazem duas marchas para denunciar os impactos negativos para a saúde humana e para o ambiente com uso excessivo de agrotóxicos no Brasil e os impacto.

Em Fortaleza, mais de 600 mulheres marcharam até Palácio da Abolição, do governo do Estado, para denunciar a política de isenção fiscal que beneficia as indústrias de venenos e amplia o consumo de agrotóxicos em todo o estado. Em Santa Quitéria, 500 mulheres protestam contra a instalação da mina de Itataia.

Cerca de 500 mulheres da Via Campesina estão reunidas nesta quarta feira em Curitibanos (SC), no parque de exposição Pouso dos Tropeiros, com o lema, “Contra o agronegócio, em defesa da soberania popular”. O encontro iniciou com uma mística relembrando o porquê do 8 de março ser um dia de luta das mulheres trabalhadoras. No momento em que acontece o encontro, uma comissão está reunida com o governo do estado para reivindicar a pauta.

Na Bahia, 500 trabalhadoras rurais e urbanas realizaram uma caminhada em Vitória da Conquista em frente a Prefeitura e aos Bancos do Nordeste e Brasil para a reivindicação da liberação do Pronaf Mulher, renegociação das dívidas das assentadas e a construção de creches nos assentamentos. Em Petrolina, mais 500 camponesas ocuparam a sede do INSS junto com MPA, MAB, CPT, IRPA, Quilombolas e Pescadoras, para cobrar a implementação dos processos de aposentadoria das trabalhadoras rurais, auxílio doença e o salário maternidade.

Em Eunápolis 1500 mulheres ocuparam a fazenda Cedro pertencente à multinacional Veracel, no município de Eunápolis no dia 28/2. Hoje, as camponesas trancaram a BR 101 por duas horas. As trabalhadoras denunciam a ação do agronegócio no extremo sul da Bahia, com a produção da monocultura de eucaliptos praticada pela Veracel na região de maneira irregular, pois ocupa terras devolutas. Encontros para discutir a agricultura camponesa e sementes crioulas também estão previstos para os dias 05 a 10 de março, envolvendo os municípios de Pindaí, Caetité, Riacho do Santana, Rio do Antônio, Caculé, Brumado.

Em Pernambuco, 800 trabalhadoras rurais ligadas ao MST, ao Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), ao Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e à Comissão Pastoral da Terra (CPT) marcharam na manhã desta terça-feira (1/3) de Petrolina a Juazeiro, trancando a ponte que liga os dois municípios, denunciando a inoperância do Incra da região. No dia 28/2, mais 500 mulheres ocuparam o Incra da cidade de Recife como forma de chamar a atenção para a Reforma Agrária.

No Rio Grande do Sul, cerca de 1.000 mulheres da Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Levante da Juventude e Intersindical protestaram no dia 1/3 em frente ao Palácio da Justiça, na Praça da Matriz em Porto Alegre. Elas saíram em marcha do Mercado Público de Porto Alegre até o local. Integrantes vestidas de preto estiveram paradas em frente ao prédio, em silêncio, para lembrar que as mulheres têm sido silenciadas por várias formas de violência. Na mesma cidade, cerca de 1.000 mulheres ocupam o pátio da empresa Braskem, do grupo Odebrecht, no Pólo Petroquímico de Triunfo, região metropolitana de Porto Alegre. A manifestação tem o objetivo de denunciar que o plástico verde, produzido à base de cana-de-açúcar, é tão nocivo e poluidor quanto o plástico fabricado à base de petróleo.

Já em Passo Fundo (RS), 500 mulheres realizaram uma manifestação pública no centro, com atividades de formação no Seminário Nossa Senhora Aparecida.
No Sergipe, cerca de 1000 trabalhadoras rurais do estado estão acampadas na Praça da Bandeira de Aracaju. De 1 a 3 de março, elas participarão de atividades que denunciam os agrotóxicos, o agronegócio, a criminalização dos movimentos sociais e a violência da mulher.

Em Minas Gerais, o Fórum Regional por Reforma Agrária do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba ocupou a sede da Fazenda Inhumas, em Uberaba, no sábado (26/2), em ação que envolveu 200 famílias. O evento marca as atividades do 8 de março e discutirá com cerca de 500 mulheres a violência causada pelo agronegócio, as consequências do uso de agrotóxicos e as alternativas para transformação do modelo discriminatório estabelecido no campo e na cidade.

Em São Paulo, desde o início desta sexta-feira (25/2), várias mulheres do MST, realizam ato de denúncia e reivindicação na frente da Prefeitura de Limeira, próximo da Campinas. No último dia 24/2, cerca de 70 mulheres do MST e da Via Campesina realizaram a ocupação da prefeitura do município de Apiaí, localizado na região Sudoeste de São Paulo para reivindicar o acesso aos direitos básicos como: saúde, educação, moradia, transporte e saneamento básico, que vendo sendo negados pelo município às famílias acampadas

Para mulheres, mídia retrata mal a figura feminina

Pesquisa da Fundação Perseu Abramo e do Sesc aponta que classe feminina se sente desrespeitada com a exibição de corpos na publicidade e na TV

Bárbara Sacchitiello

Para o público feminino da pesquisa, imagens e campanhas com belas mulheres acabam prejudicando a classe feminina
Os homens até podem apreciar ver rostos e corpos de belas mulheres na TV, em peças publicitárias e na mídia em geral. Mas, para as mulheres, tal exibição, além de nem um pouco atrativa, contribui para uma desvalorização da classe feminina.

A conclusão faz parte da ampla pesquisa “Mulheres brasileiras e gêneros nos espaços público e privado” – elaborada pelo Instituto Perseu Abramo em parceria com o Sesc de São Paulo. Elaborado no ano passado, o estudo faz uma análise das opiniões e percepções femininas acerca de diversas vertentes da sociedade. A ideia foi fazer um complemento à pesquisa realizada no ano de 2001, mas inserindo novos temas e contanto, também, com o contraponto das ideias masculinas – uma vez que, além de 2.365 mulheres, 1181 homens também foram entrevistados.

Um dos temas abordados neste ano foi a opinião das mulheres a respeito da imagem que a mídia (veículos e também a publicidade) faz da figura feminina. E os resultados mostram que a grande maioria está descontente com a exposição do corpo feminino. De todas as entrevistadas, 80% consideram ruim a exposição do corpo na TV e na publicidade. Há nove anos, na pesquisa anterior, esse índice era de 77%.

Dentre as pesquisadas que desaprovam o excesso de exibição feminina, 51% consideram que valorizar o corpo implica um subjulgamento geral da figura da mulher. Somente 18% das mulheres consideram adequada a exibição de sua classe na TV e nos outros meios.

“Esse índice mostra um amadurecimento da reflexão sobre a imagem da mulher. O percentual de desaprovação já era alto em 2001 e agora, cresceu mais. Isso mostra que elas estão conscientes de que a mídia, muitas vezes, impõe padrões que não são reais e que não representam a figura feminina”, argumenta Gustavo Venturi, professor do departamento de sociologia da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores da pesquisa.

Outro dado interessante da pesquisa é que a grande maioria das mulheres (74%) é a favor de algum tipo de controle (governamental ou do próprio mercado) sobre o teor do conteúdo exibido pela publicidade e pela mídia. “Esse índice nos causou bastante surpresa porque é comum a sociedade reagir de maneira negativa a qualquer possível ideia de controle ou censura”, pontua o pesquisador.

terça-feira, 1 de março de 2011

Uma em cada quatro mulheres relata maus tratos durante o parto

Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto, perpretada por profissionais de saúde que deveriam acolhê-la e zelar por seu bem-estar.

Pesquisa pioneiraÉ a primeira vez uma pesquisa quantifica em escala nacional a incidência dos maus-tratos contra parturientes, a partir de entrevistas em 25 unidades da Federação e em 176 municípios. Os dados integram o estudo "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado", realizado em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc e divulgado agora.

Agressões vão de exames dolorosos a xingamentos e gritos

Recusa em oferecer algum alívio para a dor, xingamentos, realização de exames dolorosos e contraindicados até ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele. Estes são exemplos de tipos de maus-tratos sofridos por mulheres que dão a luz nos hospitais públicos e privados.

Viés discriminatório

O estudo constatou uma situação que Janaina Marques de Aguiar, doutora pela Faculdade de Medicina da USP, já tinha captado em estudos qualitativos. "Quanto mais jovem, mais escura, mais pobre, maior a violência no parto."

Humanização do parto e direito a acompanhante, ainda como desafiosDesde 2004, o Ministério da Saúde tem entre suas prioridades a humanização do parto. Mesmo assim, até hoje não conseguiu nem sequer universalizar o direito das parturientes a um acompanhante de sua confiança, conforme lei de 2005.

VEJA MINUTA DA PESQUISA


DISSERAM TER SOFRIDO VIOLÊNCIA NO PARTO

Na rede pública : 27%

Privada : 17%

FRASES OUVIDAS DURANTE O PARTO

23% - afirmaram ter ouvido alguma frase humilhante

15% - não chora não que ano que vem você estará aqui de novo

14% - na hora de fazer não chorou . Não chamou a mamãe, por que esta chorando agora ?

6% - se gritar eu paro o que estou fazendo e não vou te atender

5% - se gritar vai fazer mal para seu nenem . Seu nenem vai nascer surdo



Fonte: Monica Aguiar