sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Por onde anda Toinho do Sopão?


Por Mabel Dias

Quase todos os dias passo pelo Parque Sólon de Lucena, mais conhecido entre os/as pessoenses como “Lagoa”, e não encontro mais as/os amigas/os de Toinho do Sopão indo atrás de doações para poder fazer a sopa, nem distribuindo a refeição para aquelas pessoas mais necessitadas, e que vivem nas ruas de João Pessoa.
Depois que ganhou a eleição, sendo o deputado estadual mais bem votado da PB, os/as trabalhadores/as de Toinho e o próprio sumiram dos arredores da Lagoa. Será que toda a “bondade” em distribuir uma refeição à população pobre da Capital era apenas uma estratégia de marketing eleitoral para Toinho poder se eleger?
Sim, porque bastou ele ganhar uma vaga na Assembléia Legislativa, que seu carrinho, microfone e seu típico chapéu de boiadeiro sumiram! Assim como a sopa!
A votação expressiva de Toinho é atribuída por alguns a este trabalho assistencialista que ele prestava no Centro de João Pessoa, ou seja, matando a fome de dezenas de pessoas, que muitas vezes faziam ali a primeira refeição do dia. É, parece que foi assim que ele conseguiu cativar seus eleitores.
Mas nem só de pão vive o ser humano, não é verdade?! Como já dizem os Titãs em sua música, “a gente não quer só comida, a agente quer comida, diversão e arte”. A partir desta letra, os políticos precisam compreender que não é apenas fazendo medids paliativas que resolverão os problemas sociais que existem na Paraíba, pois além da distribuição de cestas básicas ou de refeições prontas aos/ às mais pobres, é preciso fazer valer as politicas públicas nas áreas da educação, saúde, moradia, infraestrutura, lazer, entre outros direitos que estão garantidos na Constituição de 1988. É de espantar e de perder o dia, ver nas ruas de João Pessoa, muitas crianças e adolescentes, mulheres e homens, dormindo nas calçadas, ruas, becos, sem eira nem beira! E o pior, constatar a presença de drogas, principalmente, o crack nestas histórias. Todas/os nós, sociedade e Estado temos responsabilidade sobre esta situação. Até quando iremos permitir que esta política assistencialista, que dá apenas migalhas aos pobres, continue a existir? Toinho do Sopão é apenas um exemplo disto. Bastou ser eleito para deputado estadual e deu às costas aos/às que o fizeram ser eleito. E cadê a casa, a educação, a saúde, a comida? Basta apenas uma sopa para mostrar que a população mais carente está sendo ouvida e atendida? O que será que Toinho vai fazer na Assembléia Legislativa? Montar o carrinho da sopa lá em frente e voltar a distribuí-la, nada mais?
É aquela velha história: a manutenção da pobreza para continuar no poder.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Manifesto em defesa do Conselho de Comunicação Social e da democracia

As entidades abaixo assinadas manifestam publicamente seu total apoio à criação do Conselho de Comunicação Social do Estado do Ceará e repudiam, de forma veemente, as tentativas de setores conservadores da sociedade de desqualificar a decisão da Assembleia Legislativa do Estado de propor ao governador Cid Gomes (PSB) a criação de um órgão que possibilitará a efetiva participação da sociedade cearense na criação de políticas públicas em comunicação do Estado.

Um Conselho tem como finalidade principal servir de instrumento para garantir a participação popular, o controle social e a gestão democrática das políticas e dos serviços públicos, envolvendo o planejamento e o acompanhamento da execução destas políticas e serviços públicos. Atualmente, existem conselhos municipais, estaduais e nacionais, nas mais diversas áreas, seja na Educação, na Saúde, na Assistência Social, entre outros. Um Conselho de Comunicação Social é, assim como os demais Conselhos, um espaço para que a sociedade civil, em conjunto com o poder público, tenha o direito a participar ativamente na formulação de políticas públicas e a repensar os modelos que estão instituídos.

Longe de ser uma tentativa de censura ou de cerceamento à liberdade de imprensa, como tenta fazer crer a grande mídia (nada mais que uma dúzia de famílias) e seus prepostos, o Conselho é uma reivindicação histórica dos movimentos sociais, organizações da sociedade civil, jornalistas brasileiros e setores progressistas do empresariado que atuam pela democratização da comunicação no Brasil e não uma construção de partido político A ou B. E mais, falta com a verdade quem diz ser inconstitucional o Conselho de Comunicação, pois este está previsto na Constituição, no Artigo 224, que diz "Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei", com direito a criação de órgãos correlatos nos estados, a exemplo dos demais conselhos nacionais.

Uma das 672 propostas democraticamente aprovadas pelos milhares de delegados e delegadas da sociedade civil empresarial, não-empresarial e do poder público, participantes da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), os Conselhos de Comunicação Social são a possibilidade concreta de a sociedade se manifestar contra arbitrariedades e abusos cometidos pelos veículos, cuja programação é contaminada por interesses comerciais, que muitas vezes violam a legislação vigente e desrespeitam os direitos e a dignidade da pessoa humana.

A desfaçatez com que o baronato da mídia e seus asseclas manipulam a opinião pública, na tentativa de camuflar a defesa de interesses econômicos e políticos que contrariam a responsabilidade social dos meios de comunicação e o interesse público, merece o mais amplo repúdio do povo brasileiro. Eles desrespeitam um princípio básico do jornalismo, que é ouvir diferentes versões dos acontecimentos, além de fugir do debate factual, plantando informação.

É chegada a hora de a sociedade dar um basta à manipulação da informação, unindo-se aos trabalhadores, consumidores, produtores e difusores progressistas na defesa da criação, pelo poder público, dos Conselhos de Comunicação Social. Somente assim, o povo cearense evitará que o Governo do Estado sucumba à covarde pressão de radiodifusores e proprietários de veículos impressos que ainda acreditam na chantagem e na distorção da verdade como instrumento de barganha política.

Que venham os Conselhos de Comunicação Social, para garantir à sociedade brasileira o direito à informação plural, a liberdade de manifestação de pensamento, criação, e a consolidação da democracia nos meios de comunicação.


Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará - Sindjorce

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC

Sindicato dos Gráficos do Estado do Ceará - Sintigrace

Instituto de Juventude Contemporânea - IJC

Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Ceará - Abraço/CE

Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária de São Paulo - Abraço/SP

Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social

Associação Cearense de Emissoras de Rádio e TV Comunitária - AcertCom

Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos)

TV UMLAW

Sindicato dos Vigilantes do Estado do Ceará - SindVigilante

Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Valores do Ceará – SindValores

Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará - Cedeca/CE

Associação União dos Moradores de Luta do Álvaro Weyne

União da Juventude Socialista - UJS

Grupo de Resistência Asa Branca - GRAB

Associação Comunitária do Bairro Ellery

Movimento Pró-Parque Raquel de Queiroz

Associação Comunitária do Bairro Monte Castelo

União Brasileira de Mulheres - UBM

Agência de Informação Frei Tito para América Latina - Adital

Fábrica de Imagens - ações educativas em cidadania e gênero

Catavento Comunicação e Educação

Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores e Comunicadoras do Brasil

Sindicato dos Operadores de Turismo do Ceará

Rede de Jovens do Nordeste

Cia. de Teatro Arte Amiga

Cia Tesouro Nordestino

Pastoral da Juventude do Canindezinho – PJ

Grupo Vida e Arte

Centro Cultural de Arte Capoeira na veia

Associação Zumbi Capoeira

Grupo Pensar Lutar

Cia. de Teatro Arte Amiga

Tesouro Nordestino

Futsal Caça e Pesca

Associação Zumbi Capoeira do Pirambu

Pastoral da juventude (Canindezinho)

Centro Cultural de Arte Capoeira na veia

Grupo Pensar Lutar e Vencer (Pastoral da Juventude Maraponga)

Grupo Tapa (Temos amor pela arte)

Espaço Solidário (ESSO)

Juventude Negra Kalunga

Terreiro Capoeira

Grêmio estudantil Juventude Ativa

Vidas e Vozes da Juventude

Juventude Atitude (CDI)

Cine Rua

Centro de Apoio a Vida

Grupo Aprendizes de Papel

Grupo Budega Chic

Centro Popular de Cultura e Ecocidadania – CENAPOP

Grupo Cultural Entreface - Identidade Juvenil, Comunicação e Cidadania/MG

Coletivo de Jovens Feministas de PE

Associação Comunitária Portal do Benfica

Cipó Comunicação Interativa (Salvador-BA)

União Nacional dos Estudantes – UNE

Frente Cearense Por Uma Nova Cultura da Água e Contra a Transposição das Águas do Rio São Francisco

Instituto Jera - Feira de Santana/BA

Setorial de Comunicação e Cultura PSOL

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mulheres em Comunicação promovem encontro, em Maragogi



Por Mabel Dias



Cerca de 30 mulheres, de diversos estados do Nordeste, estiveram reunidas nos dias 22 e 23, em Maragogi (AL), para discutir os desafios e perspectivas para o fortalecimento da Rede de Mulheres em Comunicação. O encontro contou com as participações das jornalistas, Denise Viola (RJ), Márcia Laranjeiras (PE) e Vera Vieira (SP), esta última da Rede de Mulheres em Educação, que ajudaram a construir estratégias políticas e ações voltadas à efetivação do direito humano à comunicação pelas mulheres.
O evento teve início na quinta (21), na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) com as palestras da professora de Comunicação e jornalista, Ana Veloso, e da assistente social, do Observatório Negro, de Recife, Ângela Nascimento. No painel “A ação dos movimentos sociais e a busca da democratização da comunicação no Brasil”, Ana Veloso fez um retrospecto sobre a política de comunicação brasileira, a partir dos anos 90, e apontou as principais dificuldades e conquistas dos movimentos sociais para efetivação deste direito. “É urgente a decisão de articular junto com outras lutas sociais, novas formas de pensar o mundo, para além da dicotomia homem e mulher, pobres e ricos, e para isto, será imperativa a mobilização de sujeitos capazes de produzir um discurso e uma ação política propositivas junto ao Estado para colaborar com o desmantelamento dos sistemas de dominação que alicerçam a sociedade global”, afirmou Ana Veloso.
A visão da mídia em relação à população negra foi o tema da exposição de Ângela Nascimento. Ela apresentou alguns exemplos deste preconceito, presente em peças publicitárias, novelas, revistas e quadrinhos e mostrou as ações de monitoramento e denúncias junto ao Ministério Público de Pernambuco que o Observatório Negro realiza no combate ao racismo para a promoção da identidade negra.
Diversos exemplos de comunicação popular e colaborativas foram apresentadas no encontro, como o Mídia Advocacy, o programa Rádio Mulher e o site OmbudsPE, dando assim um panorama do que está sendo produzido pelas e para as mulheres, fora dos padrões da mídia comercial.
História - A Rede de Mulheres em Comunicação, antiga Rede de Mulheres no Rádio, formada em 1995, vê nas mídias espaços públicos de práticas pedagógicas e cidadãs, tendo como proposta superar a visão estereotipada da mulher pelos meios de comunicação e profissionais da mídia.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Violência em maternidades revela problemas na saúde pública


Por Rafaela Carvalho - rafaela.souza.carvalho@usp.br
Publicado em 8/outubro/2010

Uma pesquisa apresentada à Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revela
que grávidas em trabalho de parto sofrem diversos maus tratos e
desrespeitos por parte dos profissionais de saúde nas maternidades
públicas. Segundo a análise, esse tipo de violência, além de apontar
para os problemas estruturais da saúde pública, revela a “erosão” da
qualidade ética das interações entre profissionais e pacientes, a
banalização do sofrimento e uma cultura institucional marcada por
estereótipos de classe e gênero.
Autora do trabalho, a psicóloga Janaína Marques de Aguiar explica que
essa violência acontece de diversas formas: negligência na assistência,
discriminação social e racial, gritos, ameaças, repreensão, piadas
jocosas, a não permissão de um acompanhante à escolha da paciente –
direito que é garantido por lei – e até mesmo a não utilização de
medicação para alívio da dor, quando for tecnicamente indicada. Muitas
vezes, esse tipo de violência acontece quando as pacientes manifestam o
seu sofrimento. “Elas já chegam ao atendimento público alertadas por
mães, irmãs ou vizinhas que quem grita sofre mais: é deixada para ser
atendida por último ou é maltratada.”

Para a realização desse trabalho, a psicóloga entrevistou 21 mulheres
que estavam no período de até três meses após o parto em três Unidades
Básicas de Saúde (UBS) de São Paulo, além de 18 profissionais da saúde
pública. A partir das entrevistas, Janaína constatou que a violência
institucional é banalizada e, portanto, invisibilizada por grande parte
dos profissionais, que nem sempre identificam esses desrespeitos e maus
tratos como uma forma de violência. “Muitas vezes, essas atitudes são
vistas como uma brincadeira ou como uma tentativa do médico de fazer com
que a paciente o escute.” A pesquisadora relata que é frequente o uso de
ameaças para que a paciente não grite e não faça escândalo. “São comuns
frases do tipo: ‘Está chorando/gritando por quê? Na hora de fazer não
chorou/gritou.’ Esse jargão é bastante comum e aponta para a crença,
ainda frequente nos dias de hoje, de que a dor do parto é o preço a ser
pago pelo prazer sexual”, diz a pesquisadora.
Além disso, muitos dos profissionais entrevistados ressaltam a falta de
anestesistas de plantão para analgesias de parto normal. A situação
também é um flagrante da precariedade do sistema e de uma cultura
institucional que ainda negligencia a humanização da assistência.

Janaína ressalta que a violência acontece porque o outro é tomado como
um objeto de intervenção e não como um sujeito. “A complexidade desse
tema envolve desde a precarização do sistema público de saúde até a
própria formação dos profissionais, que muitas vezes não é voltada para
uma humanização da assistência”, explica.
Como pano de fundo da violência institucional está a ruptura na
comunicação, no diálogo entre profissionais e pacientes. Omitir
informações, não informar sobre os procedimentos realizados, não
negociar com a paciente a realização desses procedimentos, viola os seus
direitos e nega sua autonomia. Isso pode gerar maior estresse para a
mulher que está sendo atendida, dificultando uma comunicação eficaz.

Janaína ressalta ainda que mesmo em um contexto de dificuldades
estruturais, com falta de recursos humanos e materiais, com alta demanda
de atendimentos em pouco tempo, muitos profissionais conseguem dar uma
assistência humanizada para suas pacientes. “Há, portanto,
possibilidades de uma assistência sem violência. Mas é preciso
reconhecer que essa violência existe, saber como e por que ela acontece
para que se possa combatê-la.”

A tese de doutorado Violência institucional em maternidades públicas:
hostilidade ao invés de acolhimento como uma questão de gênero,
financiada por bolsa Fapesp, foi apresentada ao Departamento de Medicina
Preventiva da FMUSP e orientada pela professora Ana Flavia Pires Lucas
D’Oliveira.

Mais informações: email jamaragui@usp.br
Link: http://www.usp.br/agen/?p=36706

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Nota de Repúdio contra o uso eleitoral do debate sobre aborto



Mais uma vez, em contextos de disputa eleitoral, o patriarcado por meio de seus representantes na classe política conservadora, explora as necessidades do povo. Mais uma vez é sobre o corpo das mulheres e contra a autonomia das mulheres que a disputa se faz. Ainda hoje e apesar da Lei do Planejamento Familiar de 1996, pratica-se a troca de votos por laqueadura de trompas. Apela-se para a mentira e o terrorismo para combater a luta por direitos humanos para as mulheres e para chantangear candidaturas.

Desde os anos 1980, o movimento de mulheres adota o 28 de setembro como o Dia Latino-Americano Pela Descriminalização do Aborto. Este ano, nessa data, foi lançada a Plataforma para Legalização do Aborto no Brasil. Na Plataforma estão colocados os termos do debate que queremos fazer com a
sociedade brasileira, os movimentos sociais, as associações de classe, os partidos, parlamentares, o Poder Judiciário e o Executivo. Queremos que o debate seja feito de forma politizada e não moralista.
Repudiamos o uso político da questão do aborto, causa tão complexa e importante para a vida das mulheres. Repudiamos as lideranças religiosas que manipulam informações, aterrorizam e mentem para seus fiéis em favor da ampliação de seu próprio poder político.

Exigimos respeito à dignidade das mulheres! Queremos um ambiente democrático para fazer o debate franco e informado sobre o direito à maternidade e à auto-determinação reprodutiva para todas as mulheres, sem discriminação de classe ou de cor.


Nota de Repúdio contra o uso eleitoral do debate sobre aborto


FRENTE NACIONAL CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES
E PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
Em, 08 de outubro de 2010.
Nenhuma mulher deve ser presa, punida, perseguida,
maltratada, ou humilhada por ter feito um aborto.