domingo, 27 de setembro de 2009

Dois fortes olhares sobre o nazismo






Por Mabel Dias


A Primeira e a Segunda Guerra Mundial sempre são temas que despertam a atenção de escritores, cineastas, videastas, poetas e outros artistas. São inúmeras as obras que conhecemos e que retratam esta terrível parte da História mundial. Dentro deste contexto, o surgimento do nazi-fascismo, movimento presente na Segunda Guerra Mundial, também é um tema bastante explorado.
Esta semana pude conferir duas obras cinematográficas que me deixaram impactada e que falam justamente sobre o mal que o nazi-fascismo e a guerra em si causaram a humanidade.
O primeiro filme é Saló – 120 dias em Sodoma, do polêmico cineasta italiano, Pier Paolo Pasolini (1922- 1975). O filme foi rodado no ano da morte do diretor e é considerado uma crítica aos poderes dominantes na Itália, fazendo uma simbologia com a estória de vários jovens italianos (homens e mulheres) que na Itália fascista de 1944 sofrem horrores nas mãos de quatro poderosos. O Duque representando a nobreza, o Bispo como a igreja, o Presidente é a personificação do poder político e o Magistrado como a corrupção e a parcialidade da justiça.
Os/as jovens são recrutados em várias vilas e lugares inóspitos, submetidos/as a uma triagem ridícula. Uma garota é dispensada por faltar um dente, comparação óbvia com a escolha de um animal. Outro tenta fugir e é metralhado no caminho. O fato é que dezesseis jovens são isolados em uma mansão e passarão por três círculos: Círculo das Taras (ou manias), Círculo da Merda e Círculo do Sangue. Saló é baseado na obra do Marquês de Sade. O filme mostra submissão, sexo e muita violência. É grotesco! Humilhação como jamais o cinema mostrou. Não sei dizer qual dos círculos é o mais repugnante! O filme em si é repugnante!
Não consegui assistir a Saló até o final. É preciso realmente ter muito estômago para poder conferir esta obra de Pasolini até o final e entender o que o cineasta quis repassar. Logo no começo do filme, ele já alerta que tudo vai se passar: “Na ante sala do inferno”.


O outro filme, que desta vez assisti por completo, mas que me fez chorar bastante, foi O menino do pijama listrado, do diretor Mark Herman e adaptação do livro de mesmo nome, do escritor John Boyne. Bruno, um garoto de oito anos, filho de um nazista, precisa se mudar de Berlim com sua família para outra cidade, onde seu pai tem uma nova “missão”: matar mais judeus e pregar o ódio para “defender” a nação alemã.
Chegando lá ele não tem mais os amigos para brincar nem vai mais a escola. O pai contrata um tutor, que passa a dar aula a ele e a sua irmã de doze anos, repassando as crianças, a história montada pelos nazistas. Não contente em ficar restrito a brincar apenas dentro de casa, Bruno encontra uma abertura que dá para o seu quintal e começa a descobrir um novo e cruel mundo. É lá que conhece Shmuel, que também tem a sua idade e a partir daí, Bruno vai elucidando aos poucos o mistério que cerca as atividades de seu pai.
A amizade que nasce entre Shumel, um garoto judeu preso no campo de concentração com seus pais, e Bruno é muito bonita, e um belo exemplo a ser seguido em um mundo, seja em que época for, que ainda discrimina pela cor, pelo o que a pessoa é.
Para se redimir com o novo amigo – Bruno, por medo, não impediu que um dos soldados que vigiava sua casa batesse em Shumel, ele procura o amigo, pede desculpas e diz que vai ajudar a encontrar o pai dele, que estava desaparecido. Para isto, ultrapassa a cerca que o separa de Shumel, veste o uniforme listrado usado por todos/as os capturados/as pelos nazistas (que para Bruno era um pijama de listras) e cai no campo de concentração. A partir daí, o desfecho da história é para lá de emocionante e inesperada. John Boyne conseguiu fazer com que os nazistas, e em especial o pai de Bruno, sentissem na pele o mal que eles causaram a milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças. Da pior forma possível. O menino do pijama listrado nos traz uma bela história de amizade que brota entre duas crianças, um judeu e um alemão (filho de nazistas) que quebram todas as cercas da violência e do vil preconceito. Sempre as crianças, com sua inocente verdade.

Um comentário:

  1. Adorei seu texto meu amor...
    Parabéns desejo que você evolua cada dia mas.
    E que nos presentei sempre com escritos tão maravilhosos quanto estes. Para assim quem sabe daqui a alguns anos possamos olhar pra trás e vermos de forma nítida o quão foi importante as suas publicações para á sociedade... Tirando todos nós da alienação e devolvendo a realidade.

    Flávio Roberto Sobral Delgado

    ResponderExcluir