quarta-feira, 30 de junho de 2010

Comunicadores Polulares organizam Mostra de comunicação alternativa

O Coletivo de Comunicadores Populares, da cidade de Campinas, realiza este mês de julho a Mostra Luta, que vai exibir vídeos, fotografias e poemas com o objetivo de debater as lutas travadas contra a exploração e a opressão capitalista. A mostra acontecerá de forma itinerante em outras cidades do Brasil abrindo espaços para todas e todos que não encontram espaço na grande mídia para apresentar seus trabalhos na área do audiovisual e na literatura alternativa.
Segundo as/os organizadoras/es, a Mostra Luta é mais um instrumento para romper o silêncio imposto pela grande mídia, difundindo a realidade que não passa na TV, rádio, jornais e revistas comerciais, mostrando as lutas contra a exploração, o monopólio da comunicação, a concentração de renda e terra e a mercantilização da cultura e da arte.
As inscrições para participar da Mostra Luta estão abertas até o dia 15 de julho.
Maiores informações no site www.mostraluta.org

terça-feira, 22 de junho de 2010

Copa do Mundo 2010: “somos todos explorados e hipnotizados”

Este ano a Copa do Mundo vai ser um balão de oxigênio (para a crise) após a África do Sul. Como sempre, de quatro em quatro anos, somos obrigados a olhar o mundo à nossa volta como se fosse uma bola de futebol, durante um mês, sob o risco de passar por um estraga-prazeres, chato ou um traidor da pátria se falarmos alguma coisa contrária ao senso comum dos fãs do esporte, da Copa.



Devemos fingir que não sabemos que, ao contrário do mito veiculado no filme Invictus, a África do Sul continua sendo um dos países mais violentos, racistas e desiguais do mundo.



Que a expectativa de vida sul-africana é de 50 anos e a taxa de analfabetismo nos adultos, é pelo menos de 15%! Quase 43% da população vive abaixo da linha da pobreza, o desemprego é oficialmente de 20% (mas algumas estimativas extra-oficiais avançam o número para 40%) e 1,1 milhões de famílias ainda vivem em favelas.



Graças ao silêncio resignado da FIFA, as máfias especializadas no tráfico de seres humanos vão organizar a deportação de milhares de mulheres para serem exploradas sexualmente pelos torcedores, jogadores, cartolas e autoridades, agravando ainda mais o risco de propagação da AIDS num país onde 5,7 milhões de pessoas estão infectadas e 58% delas não têm acesso aos medicamentos.



No país, abusos contra as crianças, o tráfico de pessoas, estupro e maus-tratos são crimes recorrentes. Segundo a Anistia Internacional, as violações dos direitos humanos dos refugiados, dos que pedem asilo político e dos imigrantes são comuns e agressões freqüentes, e em grande escala contra as mulheres. A violência xenófoba é diária, mesmo com a grande mídia neste momento desenvolvendo uma campanha desmentindo isso, para tranqüilizar as multidões que desejam assistir a Copa do Mundo.



Como de costume, a polícia e todo um arsenal de segurança serão implantados durante a Copa a fim de proteger os turistas de gangues e controlar as violências múltiplas das torcidas.

O Chefe da Polícia sul-africana anunciou 45 mil policiais ao redor de cada estádio da Copa. As competições desportivas são sempre boas oportunidades para desenvolver o controle das populações, comercializar e testar novos equipamentos de repressão.



Os cinco novos estádios construídos e os cinco estádios reformados da Copa do Mundo custariam inicialmente mais de um bilhão de euros, mas o custo total de despesas se elevou para mais de 7 bilhões, revelando um gasto muito acima do que o inicialmente planejado.



Por outro lado, os salários dos trabalhadores na construção e reformas dos estádios foram uma miséria. Não à toa aconteceram vários movimentos grevistas reivindicando melhorias salariais. Mas, este dinheirão todo foi parar em algum lugar: nos bolsos da FIFA! Além dos bolsos da corrupção e do superfaturamento, envolvendo empresas e autoridades.



O total das receitas da FIFA no ano de 2009, em conexão com a Copa do Mundo da África 2010: 1,06 bilhões de dólares dos quais 196 milhões de dólares só de benefícios com a internet. Isto sem mencionar os patrocinadores oficiais que estão no ranking dos lucros estratosféricos e que conquistam sempre novos mercados graças às competições desportivas internacionais como esta.



Ademais, o que se esquece quando se apaixonam pela Copa do Mundo é que, o garoto chinês (crianças entre 13 e 17 anos) que fabrica o boneco de pelúcia leopardo “Zakumi”, adotado como mascote da Copa de 2010, trabalha na linha de produção 13 horas por dia por um salário de 2,5 euros (menos de 6 reais). No fundo, nós, trabalhadores e trabalhadoras, somos todos explorados e hipnotizados pelo entretenimento do futebol.



E cada um deverá apoiar a sua bandeira nacional, incluindo as mulheres que estão, infelizmente, cada vez mais envolvidas neste jogo de estúpidos. Aceitar as regras de um jogo mercadológico, violento, desigual e sexista, que reforça a alienação de todos e de todas, não pode e não deve ser entendido como uma conquista social.



Então, e se nós disséssemos stop!? Chega de palhaçadas!



Trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo, vaiemos à bandeira e à seleção nacional!



Tradução > Liberdade à Solta



• Texto originalmente escrito por um anarquista francês, mas com pequenas modificações para dar um sentido mais geral de compreensão.



[Última hora]



Uma reportagem do jornal Folha de S. de Paulo de ontem (8 de junho), informou que a 30 km do novíssimo estádio de Green Point, o assentamento improvisado de Blikkiesdorp está separado da Cidade do Cabo pela enorme pista do também novíssimo aeroporto local. Parece feito sob medida para não ser visto pelos milhares de torcedores que rumarão direto do terminal de desembarque para as muitas atrações da cidade mais turística do país da Copa do Mundo. Para seus 3.000 residentes, a Copa é uma maldição. Por causa do evento, dizem, foram removidos das áreas centrais da cidade e jogados no que chamam de "depósito de gente", ou "campo de concentração". O local é cercado por grades. Os moradores vivem em barracos de zinco de 18m2, em que o forro do teto é feito de plástico-bolha e o piso é um adesivo imitando lajotas. As paredes, de tão finas, podem ser cortadas por tesouras, e oferecem proteção mínima contra o frio e a chuva. No verão, o lugar queima.



agência de notícias anarquistas-ana

enamoradas...
as nuvens cinzentas
apagam o sol...

Rodrigo de Souza Leão

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mulher é encontrada morta com plástico na boca no Poço, em Cabedelo

Karoline Zilah

A 7ª Delegacia Distrital de Cabedelo investiga o que aconteceu com uma mulher que foi encontrada morta por volta das 7h desta quarta-feira (16) na rua Renato Pires Vieira, no bairro do Poço, próximo a um tradicional restaurante da cidade, o Badionaldo.

A mulher ainda não foi identificada. De acordo com os primeiros policiais que atenderam à ocorrência, ela estava com um plástico na boca, sinalizando uma provável assassinato por asfixia. Ainda não há informações sobre quem poderia ter cometido o crime.

A Gerência de Medicina e Odontologia Legal (Gemol) e o Instituto de Polícia Científica de João Pessoa foram convocados para analisar o local e recolher o corpo.

retirado do portal PARAÍBA 1

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O crime caledoscópio





Miriam Flores foi encontrada morta, com um tiro na nuca e um dólar na boca. Seu assassinato foi vinculado às redes de trata, mas existem outras hipóteses. Em qualquer caso, se trata de um feminicídio que deve ser esclarecido.

Por Flor Monfort

Em 1º de junho um peão encontrou o cadáver de Miriam Flores, uma mulher paraguaia de 25 anos que foi procurada durante um mês, desde que seus patrões do asilo Los Alelíes de Neuquén denunciaram seu desaparecimento. Estava no costado da rua 152, próxima da Casa de Piedra, na província de La Pampa, coberta com escombros e vestida com a mesma roupa com que a viram pela última vez. A autopsia revelou que tinha um tiro na nuca, foi assassinada a golpes e tinha uma nota de um dólar na boca.
Se o corpo fala, como dizem os advogados, o corpo de Miriam Flores disse tantas coisas que desorientam quem vem acompanhando o caso, que todavía não está em uma jurisdição definitiva no La Pampa o Neuquén. A distância do lugar onde Miriam vivia e a certeza e localização do disparo podiam sugerir um crime mafioso, um ajuste de contas ou uma mensagem para outras pessoas; o caso foi rapidamente relacionado com as redes de trata de mulheres, quando o subchefe policial de La Pampa, Juan Domingo Pérez, revelou que Flores havia sido prostituta e que havia decidido deixar esta atividade há três anos, quando, segundo suas palavras, escapou de um prostíbulo com outra mulher. Mas nenhuma outra fonte confirmou esta hipóteses. Em cambio, a dona do lugar onde ela trabalhava disse a imprensa local que ela desconhecia o passado de Miriam mas sabia que sempre tinha “problemas” com seu ex marido, um homem de 50 anos chamado Salvador Pucci, quem se encontra em liberdade condicional por ter assassinado a outra mulher.
Germán Bernales, coordenador do Programa Nacional Red Anti-trata de Personas del Centro de Derechos Humanos de Comahue, investiga permanentemente as redes de trata da Patagonia e vem seguindo este caso. Para ele, não se trata de um crime cometido por la trata, já que eles são “impecáveis na hora de matar” e jamais cometeriam a desprolijidade de deixar um corpo semicoberto. “A trata não manda mensagens mafiosas de maneira pública, porque seu objetivo é estar completamente nas sombras. De todas maneiras, não me animo a descartar nada.” O que reconhece Bernales é que as chamadas “redes pampeanas” operam com mulheres paraguaias, que vem ao país pensando que vão trabalhar de uma coisa e terminam presas em prostíbulos, com ameaças constantes e situação de escravidão. “Na zona tem vários grupos operando. Utilizam sempre um mesmo tipo de camioneta, uma Ford Ranger e a pessoa que faz o operativo está identificada. Mas ele segue fazendo sua viagem, tem um contato em Asunción que se ocupa de contatar-los com as mulheres, e quando as convence de vir a trabalhar aqui, as fazem cruzar a fronteira caminhando, as manda a Buenos Aires em um micro e ali as sobem na Ranger para levá-las direto a Choele Choel, que é o centro neurálgico e onde se repartem o resto dos prostíbulos”, explica.
Desde 2007 esta ONG vem seguindo uma rede que, como polvo, eleva seus tentáculos a extratos de poder político e policial. No enredo do “bem” e do “mal” se geram situações insólitas, como um grupo de policiais implicados em escutas telefônicas que logo foram responsáveis que essa mesma investigação ordenou. “Tem tanto poder envolvido que quando me perguntam se as mulheres em situação de escravidão não podem pedir ajuda a um cliente, as explico que nada que entra em um prostíbulo nestas províncias desconhecem a situação, nenhum dos homens que contrata esses serviços é inocente. São mulheres que vivem um pesadelo de ameaças constantes e, no caso de que podem escapar, aonde vão pedir ajuda se a policia está envolvida? No caso de Miriam, o dólar na boca pode ser um intento de desviar a investigação, mas realmente não temos certeza.”
Em qualquer caso, uma mulher assassinada com um dólar na boca, tenha o passado que tenha, é uma mulher que se está exibindo publicamente como uma puta, uma mulher que vende seu corpo, um corpo que se converte em território de violências e que termina na coisificação que habilita o crime. O feminicidio de Miriam Flores vem a indicar não só que a prostituição é um labirinto onde nunca se encontra a saída sem que a misoginia vá unindo suas arestas no ar, com cenários que deixam vulneráveis as mulheres quando não estão sequestradas por uma rede de prostituição: ademais de seu ingresso modesto e de estar envolvida com um homem violento, Miriam Flores não tinha família na Argentina que a busque e vele por ela, que a ajude a escapar de uma relação abusiva se esse era o caso o que lhe deu asilo no caso de não ter onde dormir.
Para Mariana Berlanga, jornalista mexicana, investigadora de feminicidios en América latina, especialmente de Ciudad Juárez opina: “Sempre que aparece uma mulher assassinada primeiro se suspeita que ela era ‘puta’. O dólar que tinha na boca pode ter distintas leituras: uma, que realmente era prostituta; e duas, que seu assassino/s a considerava assim, mas eu me inclino mais pela segunda, com a qual, se o ex-marido tinha antecedentes feminicidas havia que prestar atenção a isto. O fato de ter aparecido em um lugar público e longe pode implicar uma mensagem para outras mulheres, por exemplo, as da rede de prostituição, em caso de que essa versão seja certa.
É um assassinato que tem características similares ao de Ciudad Juárez: as moças eram migrantes, pelo que vejo não gozavam de grande proteção familiar, mas sobretudo, tinham una exibição da violência. Lamentavelmente seguimos assistindo a feminicidios que, espero não sejam este o caso, fiquem na sombra da impunidade”.

Traduzido por Mabel Dias
Fonte: www.pagina12. com.ar | República Argentina

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Seja em clínicas particulares, seja em postos públicos de saúde, o atendimento dado a mulheres que passam por um aborto é igual. A indiferença e o desrespeito afetam a todas, independe mesmo de classe social.
Esta semana pude conhecer um caso, dentre tantos, de uma mulher que tinha sofrido um aborto e que não recebeu o devido cuidado e acolhimento.
Em uma clínica particular de João Pessoa, uma mulher de aproximadamente 40 anos, havia recebido a informação da médica que tinha perdido o bebê, e já estava com três meses. Esta mulher ficou de um lado para o outro dentro da clínica, sozinha, sem nenhuma assistência, sem nenhum/a acompanhante, esperando que a médica pudesse encaminhá-la para fazer a curetagem. Não houve por parte desta médica ou do hospital o encaminhamento desta mulher para um apartamento ou enfermaria para que ficasse de repouso, até que fosse examinada novamente e dessem início ao procedimento.
Saí da clínica aproximadamente umas seis horas da noite, e até esta hora a mulher não havia sido acolhida adequadamente, havia no ar uma indiferença a situação que ela estava passando. Era como se precisasse passar por aquele tormento, já que se tratava de um aborto.
Neste momento, fiquei pensando que há diferenças quando se cuida de uma mulher que está grávida e de uma que passa por uma situação de abortamento. E pergunto: mas uma mulher que passa por uma situação de abortamento não requer os mesmos cuidados? Porque há este tratamento diferenciado para uma que aborta e para outra que será mãe?
Sabemos que uma situação como esta mexe e muito com o emocional das mulheres. E médicos/as que deviam cuidar e providenciar para que este processo, que desde o início é difícil e doloroso, fosse tranqüilo, simplesmente ignoram tal situação, e como se não bastasse, em alguns casos, na hora de fazer a curetagem, ainda xingam e julgam as mulheres que fazem aborto.
Quis escrever este pequeno relato para que aquelas/es que leiam este blog fiquem atentas/os a casos como este, que acontecem quase que diariamente, nos hospitais brasileiros e se solidarizem com as mulheres que passaram, passam ou venham a passar por uma situação como esta. Nenhuma mulher dever ser presa, julgada ou morta por ter feito aborto. A sociedade deve respeitar tal decisão da mulher e o Estado garantir toda a sua assistência médica.