domingo, 12 de fevereiro de 2012

Labdebug: a experiência da produção digital das mulheres


Uma das dificuldades do grupo é encontrar professoras especialistas na área de tecnologia.


Por Mabel Dias

A cultura digital com um olhar de gênero: a experiência de produção digital das mulheres. Esta foi a atividade realizada pela professora de comunicação social da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Graciela Natanshon, durante o I Encontro Nacional sobre o Direito à Comunicação, que aconteceu no Recife, até este sábado (11).

Graciela faz parte, com outra professora, Karla Brunet, do GIG@ - Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura e coordena o projeto de pesquisa e extensão “Mulheres e Tecnologia: teoria e práticas na cultura digital”, também conhecido por Labdebug.

“O Labdebug é um espaço de produção digital dirigido às mulheres, feito por mulheres, usando software livre e analisando e incentivando o acesso das mulheres as tecnologias”, informa Graciela, que é mestra e doutora em Comunicação pela Universidade Nacional de La Plata. Ela aponta quatro razões para estudar a mídia digital com perspectiva de gênero: as mulheres precisam acabar com o mito de que a tecnologia é coisa de homens; mulheres são objetos e não sujeitos nas tecnologias; as mulheres pouco participam das decisões sobre a infraestrutura técnica e lógica das redes digitais e as mulheres são subestimadas e exploradas na web. “Pornografia, exploração da imagem, tráfico internacional de mulheres, venda de serviços sexuais gerenciada por exploradores, fazem parte da paisagem da web. Amor, sexo, moda, beleza, consumo, futilidades e vida doméstica são as categorias associadas à mulher, numa “googleada” rápida. Se o pessoal é político, como foi dito faz mais de 40 anos, devemos politizar a web, assumir nosso lugar como sujeit@s, produzir conteúdos e criar redes que sirvam aos próprios interesses.”, afirma Graciela Natanhson.

As alunas do Labdebug aprendem nas oficinas –aulas a montar e desmontar micros, instalar software, criar wikis e blogs, produzir vídeo digital, manipulação de câmaras e computadores em tempo real, edição, DJ e VJS, e ainda realizam performances com tecnologia, experimentações com sensores, streamings e vídeos, que receberam o título de “Arte, Corpo e Tecnologia”

“A tecnologia também precisa ser um tema incluído como prioritário na agenda feminista brasileira” atenta Graciela. De acordo com pesquisa do IBGE de 2009/2010, as mulheres tem acessado cada vez mais a internet, mas elas não estão nas tomadas de decisões sobre tecnologia digital (ministérios, empresas, educação e tecnologia da informação) e o movimento de software livre raramente discute a inclusão das mulheres. “No Comitê Gestor de Internet há apenas duas mulheres, representando o terceiro setor. No Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a maioria esmagadora dos cargos políticos são de homens. Os artefatos técnicos são conformados pelas relações, significados e identidades de gênero; hierarquias da diferença sexual afetam o desenvolvimento, a difusão e o uso e apropriação da tecnologia. Se as mulheres não participam do desenho e planejamento das tecnologias, mal podem ser contemplados seus interesses.”, ressalta.

O que é Labdebug - Bug e debug são termos bastante usados na Informática, hoje. Quando um programa dá “erro”, se diz que há um bug ( e o debug resolveria o problema). Contudo, foi lá em 1945, enquanto Grace Murray Hopper (1906-1992) trabalhava num software para o computador Mark I, que a máquina parou de funcionar. Procurando o problema achou uma mariposa (bug) no meio dos circuitos da máquina e, ao retirá-la (debugging), a máquina voltou a funcionar.

Para conhecer mais sobre o Labdebug, o Gig@ e a participação das mulheres na área de tecnologia, acesse http://labdebug.net/labdebug/ e http://gigaufba.wordpress.com/

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