quinta-feira, 21 de junho de 2012

Os homens que não amavam as mulheres e a Riot Grrrl Lisbeth Salander


 Por Mabel Dias

                                                Noomi Rapace

No começo deste ano, chegou as telas brasileiras o segundo filme da trilogia Millenium, “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, em sua versão americana, dirigida por David Fincher.

A primeira versão da trilogia, escrita pelo jornalista Stieg Larson, um workaholic nato, foi lançada em 2009, porém, não traz o mesmo vigor da americana que já na abertura provoca um forte impacto no espectador. Imagens cibernéticas embaladas pelo som da banda Led Zeppelin nos fazem entrar, fascinantes, na história do jornalista Mikael Bloomkvist e da hacker e riot grrrl (porque não?) Lisbeth Salander, que em um determinado momento se juntam para investigar o desaparecimento da sobrinha-neta de um empresário sueco. Não haveria melhor pessoa para investigar o sumiço de Harriet Vanger do que Lisbeth. Além de uma ótima investigadora, Lisbeth Salander sentia na pele a misoginia e a violência que esta causava às mulheres. Em pouco tempo que está na investigação, ela já descobre o porquê o assassino cometia os crimes: ódio às mulheres.

Ao lado de Bloomkvist, ela vai desvendando, não apenas o sumiço de Harriet, como também começa a descobrir uma série de assassinatos de jovens mulheres na época em que os nazistas estavam no poder. E na Suécia de 1940 os nazistas tocavam o terror, o que não era diferente em outros países.
Apesar de não ser tão dinâmico quanto o americano, a versão sueca dos “Homens Que Não Amavam As Mulheres”, dirigida pelo dinamarquês Niels Arden Oplev, também traz uma boa interpretação da personagem Lisbeth, incorporada pela atriz Noomi Rapace. Na americana, é a atriz Rooney Mara, que dá vida a riot grrrl e até ganhou o Oscar de melhor atriz pela sua Lisbeth Salander.

Sem dúvida, as cenas mais chocantes de ambos os filmes, são a do estupro que Lisbeth sofre por parte de seu tutor. É nojento, repugnante! No filme mais recente, além do estupro, ela é obrigada a fazer sexo oral em seu tutor. Ao invés de denunciar ao Estado a violência que sofreu, Lisbeth pratica uma ação direta impressionante. Depois de torturar seu agressor, ela tatua no peito dele a frase “Sou um porco estuprador”.  Seria um recado indireto para dizer que não acredita no Estado?

A trilogia Millenium que deveria ter sido uma decalogia não fosse a morte prematura de seu autor, Stieg Larson, é muito bem escrita e elaborada. As duas versões cinematográficas trazem um belo roteiro e uma impecável produção. A versão americana traz um novo final onde o assassino das cinco mulheres judias (diga-se de passagem) é o irmão de Harriet, Martin Vanger, sobrinho neto de Henrik Vanger, o empresário que contrata o jornalista Mikael Bloomkvist para encontrar sua sobrinha desaparecida há 40 anos. E Harriet não está morta, apenas assumiu uma outra identidade para fugir da violência que era submetida, primeiro pelo seu pai, e depois da morte dele, pelo seu irmão, Martin.

Lisbeth Salander dá o toque especial aos dois filmes. Pelo seu visual dark/punk quanto por sua inteligência e anti sociabilidade. Ela não sorri e não quer fazer amigos. Mas se pudermos conviver mais de perto com Lisbeth, percebe-se que ela é fascinante e encantadora. Stieg Larson ao criá-la pode desconstruir o estereótipo do visual punk, apesar de dar-lhe uma personalidade agressiva. O autor do livro Millenium, que deu origem aos dois filmes, dá dicas do porque do comportamento anti social da hacker, e tudo parece ter origem na sua adolescência.  Depois de estabelecer um vínculo maior com seu parceiro de investigação (e em seguida um vinculo amoroso), Lisbeth abre o jogo e conta que vive sob a tutela do Estado porque aos 12 anos tentou matar o pai, queimando-o vivo. Mas ela não revela o motivo. Ou não haveria?
                                               Rooney Mara

Só sei que vale muito a pena assistir a nova versão de “Millenium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres”, e assim como a sua edição sueca. Melhor ainda, é conseguir o livro e devorá-lo, pois com certeza muitas outras histórias serão desvendadas. Não só a da riot grrl Lisbeth Salander.

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