segunda-feira, 14 de junho de 2010




Seja em clínicas particulares, seja em postos públicos de saúde, o atendimento dado a mulheres que passam por um aborto é igual. A indiferença e o desrespeito afetam a todas, independe mesmo de classe social.
Esta semana pude conhecer um caso, dentre tantos, de uma mulher que tinha sofrido um aborto e que não recebeu o devido cuidado e acolhimento.
Em uma clínica particular de João Pessoa, uma mulher de aproximadamente 40 anos, havia recebido a informação da médica que tinha perdido o bebê, e já estava com três meses. Esta mulher ficou de um lado para o outro dentro da clínica, sozinha, sem nenhuma assistência, sem nenhum/a acompanhante, esperando que a médica pudesse encaminhá-la para fazer a curetagem. Não houve por parte desta médica ou do hospital o encaminhamento desta mulher para um apartamento ou enfermaria para que ficasse de repouso, até que fosse examinada novamente e dessem início ao procedimento.
Saí da clínica aproximadamente umas seis horas da noite, e até esta hora a mulher não havia sido acolhida adequadamente, havia no ar uma indiferença a situação que ela estava passando. Era como se precisasse passar por aquele tormento, já que se tratava de um aborto.
Neste momento, fiquei pensando que há diferenças quando se cuida de uma mulher que está grávida e de uma que passa por uma situação de abortamento. E pergunto: mas uma mulher que passa por uma situação de abortamento não requer os mesmos cuidados? Porque há este tratamento diferenciado para uma que aborta e para outra que será mãe?
Sabemos que uma situação como esta mexe e muito com o emocional das mulheres. E médicos/as que deviam cuidar e providenciar para que este processo, que desde o início é difícil e doloroso, fosse tranqüilo, simplesmente ignoram tal situação, e como se não bastasse, em alguns casos, na hora de fazer a curetagem, ainda xingam e julgam as mulheres que fazem aborto.
Quis escrever este pequeno relato para que aquelas/es que leiam este blog fiquem atentas/os a casos como este, que acontecem quase que diariamente, nos hospitais brasileiros e se solidarizem com as mulheres que passaram, passam ou venham a passar por uma situação como esta. Nenhuma mulher dever ser presa, julgada ou morta por ter feito aborto. A sociedade deve respeitar tal decisão da mulher e o Estado garantir toda a sua assistência médica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário