segunda-feira, 11 de julho de 2011

Socióloga lança livro sobre mulheres e loucura


Por Mabel Dias

Eleonor Silva é internada em um hospício após ter matado o marido. Neste local, ela escreve um livro, onde cada poesia é uma mulher e um mundo onde se precisa defender um gênero para não cair numa sexualidade que estigmatiza, fragiliza cada aspecto do ser diferenciado.
Esta é a principal história que norteia o livro Noor em Nós, da artista e socióloga, Bartira Dias. “O livro trata de esboços da vida de muitas mulheres subtraídas pela incoerência deste mundo capitalista”, explica a autora.
O livro encontra-se a venda nas livrarias Arte e Ciência e na Cultura, na cidade de Fortaleza. Mas é possível adquiri-lo pelo correio. É só enviar um email para Bartira, no endereço bartira_albuquerque@yahoo.com.br e solicitar seu exemplar.
O livro de Bartira Dias lembra a peça Hysteria, do grupo XIX de teatro da cidade de São Paulo. Na peça, que é baseada na pesquisa de documentos de hospícios femininos do século 19, quatro mulheres estão trancadas em um manicômio. São elas: M.J, Hercília, Clara e Maria Tourino. Esta última, assim como a personagem Eleonor Silva, também mata o marido após viver em uma relação de total submissão. Cada personagem conta uma história das mulheres do século 19 que eram encerradas em manicômios para “tratar de suas histerias”, que naquela época era considerada uma doença tipicamente feminina. Mas, se consultarmos o dicionário Aurélio hoje, encontraremos a seguinte definição da palavra histeria: “afecção mental cujos sintomas se baseiam em conversão, caracterizada por falta e controle sobre atos e emoções, ansiedade, sentido mórbido de autoconsciência, exagero do efeito de impressões sensoriais e por simulação de diversas doenças.”
Vale a pena conhecermos a história destas mulheres e de suas loucuras para podermos compreendê-las, e assim exercitar a solidariedade entre nós. De fato. As mulheres loucas, podemos dizer, são as mais discriminadas na sociedade, pois sem consciência de seus atos, são isoladas do convívio social, pela família e pela sociedade em geral. Com as mudanças provocadas pela luta antimanicomial este quadro começa a mudar, porém o preconceito com a loucura continua existente. Neste aspecto, temos muito ainda a caminhar...

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