segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Podes ser traída com um beijo...

Por Mabel Dias

Não sou religiosa. Nem tenho religião. Não gosto da bíblia, por N motivos que não pretendo desfiar aqui neste texto. Mas durante as inúmeras apresentações que falam sobre a vida do personagem Jesus (não sei se ele existiu), as chamadas “Paixões de Cristo”, que existem por ai, uma passagem esta semana me chamou a atenção. A que fala da traição de Jesus por Judas, que beijou o rosto do “messias”, entregando-o aos soldados romanos. Pode ser uma metáfora, pois nunca se comprovou que Jesus e tudo o que lhe aconteceu tenha de fato acontecido, assim como a história da serpente e da maçã, tudo pode ser uma metáfora. Ou não.
Em todo caso, parei para refletir sobre esta traição de alguém que dizia seguir e gostar de verdade de outro, para logo após, por alguns trocados entregar à morte quem ele dizia ser amigo.
Todos/as sabem o final disto tudo. E porque esta estória me chamou a atenção? Porque tenho observado que cada vez mais é difícil se criar laços de amizade e confiança entre as pessoas. Você pensa que por conviver com alguém durante anos, conhece de fato esta pessoa, ao ponto de sair com ela, dormir, sair para se divertir, fazer lanche juntos/as, confidenciar sua vida, enfim, se abrir e confiar que sim, você tem amigo/a. Mas, para nossa triste descoberta as coisas não são bem assim. De repente, vem aquela desilusão gigantesca e BUMMM!, você descobre que as pessoas não eram nada daquilo que você imaginava e que você precisa ser forte para enfrentar as adversidades que apresentam-se a sua frente. Mesmo que venham em uma bandeja, trazidas por um/a amigo/a. Minhas tias já diziam: “Mabel, não se tem amigo/a neste mundo!” E eu ficava indignada porque eu acreditava ter amigos/as sim e que eles/elas nunca me fariam mal ou me entregariam à morte, como Judas fez a Jesus. Calma, nenhum/a amigo/a me entregou à morte! Ainda! Porém, depois fui observando e com as cipuadas que a vida me dava fui percebendo, e aconteceu comigo, de saber que pessoas que estavam ao meu lado não estavam bem ao meu lado assim.
Será que estavam até se conseguir algo em troca? Quem sabe qual o real objetivo das pessoas que se aproximam de você, mesmo com as “melhores das intenções”?Quando minhas tias falavam que não se tem amigos/as, eu ficava até “nóiada”, pois para mim, e é assim até hoje, não se pode viver sozinho/a sem amigos/ as, sem ninguém para conversar, e até contar os seus segredos mais íntimos. Só que com o rumo da vida nestes tempos modernos, fico realmente receosa em me aproximar de alguém que eu queira e tenha afinidades, assim como tenho receio se alguém se aproxima de mim. Até porque estou calejada, entendem?! Um reportagem de Veja, que fala sobre as relações na internet, diz que com as redes sociais on-line (Orkut, facebook, twitter, entre outras) as relações entre as pessoas se tornaram mais superficiais, efêmeras, e as mais afetivas se reduziram. É como se a maioria das relações fosse estratégica.
Parece que o bom mesmo é ter amigos/as virtuais, daqueles/as que falamos no msn, orkut, mandamos emails, todos estes meios tecnológicos modernos de interação entre os seres humanos. Ali parece que temos “amigos/as”. E quando sentirmos falta do calor humano, o que fazer? Vamos ficar testando se aquele calor é realmente verdadeiro? Eu acho que vou testar daqui em diante...
Hoje pela manhã, assistindo a um telejornal, me deparei com a notícia de mais uma mulher que foi agredida covardemente por seu namorado. Ele deu 14 facadas nela e agora está foragido. Tudo deu certo e ela conseguiu sobreviver para contar esta triste história, de conviver mais de 8 anos com este homem, dele chama-la para conversar, dizer que a ama, e supreendê-la com uma faca, tentando mata-la.
O que esperar mais do ser humano? Vamos todos/as virar ermitãs/ões?
Estar no mundo não é nada fácil, você tem que matar um torturador/a a cada dia para poder sobreviver, mas não podemos viver nesta desconfiança, com este mal estar de não conseguir mais nos relacionarmos, interagirmos uns/umas com os/a outros/a, sem pensar que seremos traídos/enganados/as do dia para a noite e recorrer a internet para nos sentirmos queridas/os. O ideal, penso, é ficarmos ligados/as e não deixarmos a nossa vida entregue a mão de outra. Ter um sentimento assim é horrível, não te deixa em paz...porém, ultimamente se queremos sobreviver é desta maneira que devemos ir levando a vida. Ou então cultivarmos nossas/os amigas/os virtuais.

Um comentário:

  1. eu sou mais dinamica eu deixo meu marido trair mas de semana e fim de semana ele meu marido a gente se respeita para a sociedade somos irmaos de casamento

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