quarta-feira, 20 de abril de 2011

Em defesa da cultura popular

Por Pedro Osmar

Conta a lenda que, um dia, quando perguntado sobre o que achava da onda do "forró de plástico" no país, Zé Ramalho teria dito: voce já imaginou quantas famílias estão sendo empregadas alí? E, curiosamente, Tomzé teria dito algo semelhante quando perguntado sobre o que achava da "axé music", e ele teria respondido: deixe os meninos brincarem...

Mas, concretamente, o que essa polêmica que está crescendo na grande mídia e na internet, fomentada pelas empresas que produzem essas bandas de forró de plástico, quer dizer? Que os jornalistas recebem dinheiro para fazer essa defesa o ano inteiro? Que o Chico César, cidadão, trabalhador, secretário de cultura do estado, não pode mais opinar sobre em que a sua secretaria vai precisar investir?

Uma coisa é certa: poucos, pouquíssimos jornalistas e produtores da Paraíba defendem os grupos de "forró pé de serra" da cidade o ano inteiro, o que certamente provoca uma baixa estima no mercado de trabalho para o artista local que gera uma grande preocupação do poder público (municipal e estadual) em atender essa parcela dos artistas paraibanos que amargam um nível de desemprego ou sub-emprego que é alarmante, fazendo com que os cachês desses artistas caiam para o nível da desmoralização profissional, fazendo com que a maioria não possa mais viver da arte que produzem.

Quando Zé Ramalho chama a atenção para a quantidade de famílias que tem "seu emprego garantido" na onda do forró de plástico, às voltas com os empresários sanguessugas que exploram esses artistas até a exaustão, o que dizer dos grupos de forró pé de serra que tem até de mendigar nas portas das secretarias de cultura para poder entrarem nas programações oficiais dessas instituições? Quem ficará do lado dos artistas que não são produzidos pela empresa SOMZOOM SAT do Ceará?

A Funjope, enquanto pensadora das atividades culturais da cidade de João Pessoa o ano inteiro, tem se ocupado de trabalhar com os grupos de forró pé de serra, e indo mais além, com as atividades da cultura popular, que englobam os violeiros repentistas, emboladores de côco, cavalo marinho, cirandeiras, rabequeiros, cordelistas, que fazem, desde que Ricardo Coutinho foi vitorioso na eleição para prefeito, a base da programação das festas do ciclo junino/natalino. Com certeza, nenhuma banda de forró de plástico foi programada desde que Ricardo Coutinho/Luciano Agra entraram na prefeitura, por uma questão de compromisso político com os artistas populares em sua defesa natural, por cidadania e trabalho para essa maioria que vive marginalizada pela indústria do entretenimento burguês.

Alguém dessa estrutura dos grandes espetáculos de forró de plástico sabe do que estou falando?

Estou falando de fazer a diferença, de defender os projetos de democracia cultural, de socialização e democratização dos meios, para que todos possam usufruir dos benefícios que uma política de responsabilidade administrativa pode criar e manter para apoiar e defender os nossos artistas populares. E tudo isso em nome de todos os mestres da cultura popular que ainda vivem na miséria e necessitam de amparo. Felizmente a cultura de João Pessoa (via Funjope, na presidencia de Milton Dornellas) e do estado (via SECULT, na presidencia de Chico César) tem conseguido manter o nível do compromisso com o desenvolvimento social da cultura.

Viva Chico César! Viva Milton Dornellas!

E VIVA O BRASIL! E chega de brincadeira!

Um comentário:

  1. Vivemos um tempo em que tudo é muito efêmero, os fatos se processam na velocidade da luz, as pessoas querem um novo hit à cada estação, não se contentam com o "bom e velho" ritmo, o tradicional, eles querem se afirmar com o novo, reinventar as gerações antigas. Muita gente ainda discorda desse pensamento, mas acaba sendo levada na onda do pop, pois é o show que tem...

    :S

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