"Enquanto existir perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever" - Clarice Lispector
domingo, 16 de janeiro de 2011
Festival de contra cultura feminista movimenta Salvador
Por Mabel Dias
Desde outubro que as mulheres do coletivo Na Lâmina da Faca não param. Elas lançaram a I Convocatória Riot Grrrl Salvador com o objetivo de aglutinar outras mulheres – fanzineiras, videomakers, bandas feministas, performers, etc – que tivessem desejo em construir um festival de contra cultura feminista, totalmente faça você mesma. E assim se fez: cerca de cinqüenta mulheres responderam a Convocatória, e desde então, vem se empenhando na construção da atividade, que vai acontecer na próxima quarta-feira (19), seguindo até o domingo (23).
O nome do festival é Vulva La Vida, que promete movimentar Salvador, através de oficinas, debates, exibições de vídeos e shows. Todas as oficinas são direcionadas às mulheres, apenas os shows e debates serão abertos para todas as pessoas interessadas. Com o lema “Orgulhosamente feministas, necessariamente inconvenientes”, as organizadoras do Vulva La Vida alertam que a atividade não pretende valorizar o “rock feminino”, termo largamente utilizado na mídia tradicional para designar o rock feito por mulheres. Para elas, tal palavra carrega as características como “doçura”,”servidão”, “permissividade” e “castidade”, e por isto, se identificam com o feminismo autônomo, anti-racista e anti-capitalista.
O festival vem repercutindo na cidade e na internet. Mulheres e homens vem divulgando o Vulva La Vida em suas redes sociais, como twitter e facebook, além de blogs. A notícia se espalhou no Brasil e esta divulgação deve levar milhares de pessoas até Salvador. A lista nacional Mulher e Mídia, que reúne diversas jornalistas, advogadas e militantes feministas para discutir o controle social da imagem da mulher na mídia, tem repercutido o festival entre as suas participantes.
A iniciativa é inédita na cidade, e com certeza deve mudar a cena hardcore/punk política local. E claro, mexer com quem for de outras cidades, quem sabe, levando a proposta a outras terras ou provocando um II Vulva La Vida. As meninas querem levar a revolução das ruas para o espaço privado e propõem que se faça política aliada à diversão.
“Nesses cinco dias de festival, que você se divirta, conheça novas pessoas, troque experiências, e saia com uma bagagem capaz de subverter o cotidiano (ainda mais!). Esperamos também estar fomentando um cenário feminista subversivo e independente, que não espera pelos outr@s mas que faz por si próprio; que constrói aqui e agora o mundo novo que desejamos”, diz o trecho final do comunicado que anuncia o festival.
Precisa dizer mais alguma coisa? Agora é arrumar as malas e rumar para Salvador, aproveitando/participando de cada ação realizada no Vulva La Vida. No último dia, as mulheres vão retomar as ruas, realizando manifestações em diversos bairros de Salvador.
Confira o vídeo oficial do Vulva La Vida e a programação completa do festival neste endereço:
http://festivalvulvalavida.wordpress.com
Saiba o que é Riot grrrl - um movimento abrangindo fanzines, festivais e bandas de hardcore punk rock e feminismo. A intenção do movimento é informar a mulher de seus direitos e incentiva-las a reivindica-los. Uma das principais formas além de protestos foi o uso da música. A carreira músical feminina se resumia apenas como vocalistas, ou qualquer função em bandas de músicas leves, mesmo assim mal vistas. O principal ponto foi montar bandas de rock, com instrumentos pesados como baixo e guitarra com muitos efeitos e distorção, estilo e instrumentos inicialmente considerado como masculinos.
Incentivando cada vez mais as mulheres a montarem suas bandas, criar fanzines feministas, e assim expressar suas opiniões e vontades. O gênero musical riot grrrls apareceu na década de 90 como resposta as atitudes machistas punks. As bandas Bikini Kill e Bratmobile são consideradas duas bandas que incentivam o movimento.
Há bandas como o extinto Bulimia, Biggs, Pulso, entre outras,que também abrangem outros assuntos além do feminismo, como a banda Suffragettes, que defendem além do feminismo, também o vegetarianismo, a filosofia straight-edge, a preservação ambiental, dentre outros assuntos, cada vez mais crescentes nas cenas undergrounds.
No Brasil, a banda de maior destaque é o Dominatrix, liderada pela vocalista e guitarrista Elisa Gargiulo. A banda é feminista e nos seus shows realiza verdadeiros debates sobre as diversas causas das mulheres e o direito das classes discriminadas, como gays, lésbicas e negras/os.
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