sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Entidades de direitos humanos lançam manifesto contra declarações de diretor do BBB

Por Mabel Dias

Diversas entidades que defendem a responsabilidade social nos meios de comunicação, lançaram nesta sexta-feira (14) uma nota de repúdio e preocupação, em relação aos pronunciamentos feitos pelo diretor do reality show Big Brother Brasil 11, José Bonifácio de Oliveira, mais conhecido como Boninho. Na quinta (13), a Campanha pela ética na TV levou o caso ao Ministério Público Federal, durante audiência realizada com a procuradora federal, Gilda Carvalho.

O pronuciamento de Boninho, segundo as entidades, é um estímulo à violência para jovens e adultos. Em um dos trechos do comunicado, os grupos afirmam:


"As masculinidades não devem ser medidas pela violência e é importante ter em mente que não podemos oferecer tais modelos, para muitos jovens que se identificam com esse programa. Finalmente, dizem bem os psicólogos sobre a contribuição destas cenas na formação da subjetividade das crianças, quando não também dos adultos – motivo de nossa preocupação!"

O twiiter tem sido a rede socail utilizada por Boninho para colocar suas opiniões sobre o programa e como ele vai funcionar. Em uma das "twittadas", o diretor diz: "Pronto! liberei [sic] a porrada entre eles! Será que vai rolar???"

O diretor do programa contou ainda na rede social que iria visitar os confinados no hotel onde estão hospedados para reiterar as regras do BBB11. "Hora de ir para o hotel passar as regras com os brothers e avisar que vale porrada!!! Rsrsrsrsrsrsrsr".

Em novembro do ano passado, o "Boss" havia afirmando também por meio de seu Twitter que iria liberar as brigas físicas entre is BBBs. "Vai valer tudo, até porrada", disse na época Boninho. No entanto, ele desmentiu a informação pouco tempo depois. A 11ª edição do programa, que estreia nesta terça (11), às 23h, na Globo.


Confira a nota na íntegra:

NOTA DE PREOCUPAÇÃO E REPÚDIO

Temos acompanhado com muita preocupação o pronunciamento de José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, diretor do programa de reality show BBB (Big Brother Brasil), da TV Globo.

O pronunciamento do “Boninho”, antes da estréia do programa, cuja fala e repercussão anexamos, não poderia ser mais evidente – é um estímulo à violência na nova edição do BBB, em sua 11ª. edição.

Provavelmente preocupado com os índices de audiência do programa e, querendo reerguê-los, Boninho explicitamente “liberou a pancadaria” nesta edição, provavelmente apostando na tradicional espetacularização da violência, receita já bastante usada pela grande mídia, sem qualquer respeito aos direitos humanos.

Acreditamos que, por ser uma concessão pública, e pela sua importância como educadora informal, pelo respeito devido aos telespectadores, cabe à televisão se pautar pelos mais altos interesses da sociedade e pela responsabilidade social que o poder que detém com a concessão lhe confere.

Não nos interessa a banalização da violência na mídia, que tem servido de estímulo para a sua reprodução na sociedade em que vivemos, numa espiral infernal que nos distancia do modelo de sociedade livre de violência na qual gostaríamos de viver.

A violência contra a mulher é um mal que queremos erradicar, pelo que temos militado há décadas. Os acordos e protocolos internacionais firmados pelo Brasil, a luta implementação da Lei Maria da Penha veio coroar os nossos esforços no sentido de tentar inibir tal violência. Seria portanto altamente prejudicial e contraditório que a mídia estimulasse a violência, tão-somente para melhorar os seus próprios índices de audiência! As mulheres querem, merecem, precisam e têm o direito de viver numa sociedade livre de violência de gênero e de qualquer forma de opressão.

Nos parece igualmente prejudicial a nossos interesses, caso a mensagem do Boninho não vise estimular a violência contra as mulheres, mas “a pancadaria” entre os homens.

A banalização e espetacularização da violência tem servido de estímulo para mais-violência na sociedade. Como mães, namoradas, filhas, companheiras, irmãs, amigas, mulheres em geral, não somos a favor da violência – nem entre os gêneros, nem intra-gêneros. Não vemos o menor sentido em “liberar a pancadaria” num programa de grande audiência, sabedoras que somos do estímulo que isso representa para os jovens e adultos.

As masculinidades não devem ser medidas pela violência e é importante ter em mente que não podemos oferecer tais modelos, para muitos jovens que se identificam com esse programa. Finalmente, dizem bem os psicólogos sobre a contribuição destas cenas na formação da subjetividade das crianças, quando não também dos adultos – motivo de nossa preocupação.

Finalmente, por se tratar de um reality show, o programa passa cenas como sendo cenas da vida real, selecionada para estar na mídia. Neste contexto, essa violência, pancadaria estimulada, seria ainda mais nociva à sociedade brasileira, do que a presenciada em filmes e telenovelas, notadamente mais ficcionais.

Assim, exigimos a retratação imediata e pública da “liberação” dada pelo diretor do programa aos componentes do mesmo, bem como sugerimos medidas preventivas, que se contraponham ao discurso proferido, entre as quais recomendamos:

- a veiculação de uma campanha de não-violência (uma geral, e outra, de gênero),

- uma atenção redobrada no sentido de minimizar a quantidade de cenas de violência na programação geral das emissoras de TV e, particularmente, no BBB11.

POR UMA SOCIEDADE LIVRE DE VIOLÊNCIA!

PELO DIREITO DAS MULHERES Á VIDA LIVRE DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO!

PELA RESPONSABILIDADE SOCIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO!


Um comentário:

  1. Mabel querida,

    que ótimo encontrar seu blog, repleto de informação!
    Já está linkada! vou visitar sempre!
    Bjs

    ResponderExcluir