quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A decadência dos telejornais paraibanos



Por Wesley Rennyer, estudante de Filosofia, UFPB

Atualmente, no Estado da Paraíba, os espectadores dos telejornais locais têm em seus respectivos horários de almoço, uma curiosa exibição dos que se dizem apresentadores desses mesmos programas jornalísticos, ou se quiser: os famosos “jornais mundo-cão”. Sobretudo, o contingente das matérias exibidas nesses programas é voltado quase exclusivamente para exposição extenuante dos casos de violência em geral, símbolo do antiqüíssimo problema de segurança pública que não só a Paraíba enfrenta, mas presente em todo o país. Decerto, aquilo que mais interessa as emissoras de televisão ou rádio, é tão-somente a audiência de seus telespectadores e ouvintes; por conseguinte, com a aceitação da população paraibana aos programas que valorizam a exploração da violência e suas extravagâncias circenses, em detrimento da transmissão da informação séria e imparcial, faz com que surja no Estado um fenômeno no mínimo curioso, para não dizer cômico, que é o surgimento de apresentadores esdrúxulos, os quais travam uma verdadeira disputa de fanfarronices em seus programas. Esses mesmos apresentadores (cada qual mais extravagante que o outro), não poupam em artifícios para tornarem-se o “mais querido” ou “mais macho” na óptica dos paraibanos, já que a figura do “apresentador-revoltado-valentão-cangaceiro” parece ser bem quisto pelo povo. Curiosamente, assumindo uma postura diante das câmeras quase paradigmática, eles exageram em suas demonstrações de sentimento de indignação e revolta, e, tão grosseiramente, com berros e coices, fazem-se porta-vozes da justiça e opinião pública com relação à violência no Estado. É realmente digno de lamento observar os tipos de telejornais que as emissoras paraibanas oferecem como veículo de informação ao povo, entretanto, cabem aos próprios cidadãos, cônscios de que seus jornais locais trocam a informação sóbria e profissional por espetáculos sensacionalistas, manterem um rigor maior quanto as suas preferências e escolhas, no que se refere aos programas jornalísticos que optam por assistirem. Não é novidade nem mistério o poder que a mídia tem na formação da opinião geral, sendo assim, a constante exploração dos casos de crimes violentos e suas medidas descabidas, que por vezes escapam da boca desses formadores de opinião, não devem ser aceitos tão prontamente por aqueles que ainda apreciam essa bizarrice jornalística, antes fossem descartadas. Por fim, asseguro-lhes, a violência certamente existe, no entanto, não existe apenas a violência com elemento único a ser lançado para sociedade pela mídia paraibana como está sendo feito. Por que esse imenso interesse da mídia em explorar a barbárie? Será que somos nós que pedimos por essa exibição mórbida da selvajaria humana? A informação sobre a violência não pode ser transmitida sem a infame maneira que vem sendo repassada ao povo paraibano? Não existe espaço nesses programas para promover algum tipo de cultura? Não é exeqüível tratar sobre ciência ou arte, com o intuito de transmitir algum conhecimento para uma sociedade tão carente de educação?

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