quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tvs desligadas batem recorde em novembro

Má notícia para empresários ligados ao setor de televisão. Dados do Ibope divulgados nesta terça-feira confirmam que o número de TVs desligadas bateu recorde no Brasil em novembro. Na primeira quinzena do mês, de cada 100 aparelhos do Brasil, somente 55 ficaram ligados entre 18h e 0h, horário nobre.
Na Grande São Paulo, a média se mantém na medição. Segundo o Instituto de medição, ao considerar o mês de novembro, o índice apresentado é o pior desde 2004 na região metropolitana de São Paulo. Em 2005, cerca de 63% das TVs ficaram ligadas no horário nobre. No Brasil, os dados de 2009 são iguais aos de 2007, ou seja, os piores em seis anos.
Segundo a coluna Outro Canal da Folha de S.Paulo, como os dias ficaram mais quentes, as emissoras já esperavam a queda na audiência nesses meses, mas o percentual está maior. Já na visão do superintendente comercial da Rede TV!, Antônio Rosa Neto, o problema é outro. O especialista considera a queda uma tendência “irreversível e inexorável”, um movimento que, sobretudo, reflete a evolução da sociedade brasileira. “O elemento atividade faz com que as pessoas não tenham mais tanto tempo para ficar não só em frente à TV, mas no consumo de outras mídias. Essa é uma constatação óbvia até, diz”.Rosa Neto destrincha o cenário. Segundo ele, a entrada da mulher no campo de trabalho, na década de 90, melhores condições de estudo e acesso à cultura elevam o nível da sociedade, que passa a ter outras prioridades. Isto é, os fatores contribuem para que seja cada vez mais rara a imagem da dona de casa de décadas atrás, que dedicava boa parte do tempo à TV.

Redação Adnews

sábado, 21 de novembro de 2009

Para a mulher que aborta, repouso, E RESPEITO!






Há algumas semanas, o autor da novela "Viver a Vida", da Rede Globo de Televisão, vem tocando no tema do aborto. E o modo que Manoel Carlos decidiu abordar um assunto tão delicado não é nada agradável nem respeitoso, principalmente, para as mulheres que, em alguma vez decidiram realizar um aborto. Através dos personagens Marcos ( José Mayer), Luciana (Aline Moraes) e Tereza (Lilian Cabral), o autor trata as mulheres que já abortaram, como criminosas e que merecem ser punidas com cadeia, já que, na visão cristã e machista dele, elas cometeram um assassinato. O alvo de tanta ira recai sobre a personagem de Helena, vivida por Taís Araújo, que realizou um aborto, quando em um determinado momento de sua vida, não tinha condições de levar adiante uma gravidez. Falas pesadas e discriminatórias são direcionadas contra a personagem de Helena, que em nenhum momento, reage à altura e não rebate as acusações que lhe são feitas. É como se ela aceitasse tudo o que está sendo dito, inclusive pelo seu marido, Marcos, que após receber a notícia pela própria Helena que está grávida, diz: “Se já matou uma vez, pode matar de novo”. Helena passa então a se sentir mais culpada e a carregar esta culpa por toda a sua vida. E tocar neste assunto, para ela, é como abrir uma ferida que ainda não cicatrizou. O que acontece com a maioria das mulheres que realizam aborto, pois a sociedade em vez de oferecer conforto e solidariedade, aponta-lhes o dedo e diz que são assassinas e pecadoras.
Em nenhum momento, Manoel Carlos traz situações em que as discussões sobre o aborto mostrem a dor de Helena e de milhares de mulheres que, em determinado momento de sua vida, vem como única saída, recorrer ao aborto. As mulheres não abortam por que gostam e merecem ser respeitadas e apoiadas nesta sua decisão. Isto a novela não mostra e nem deseja mostrar. A opção é realmente levar adiante a criminalização das mulheres. Colocar um tema tão importante e delicado como este em uma novela, em um país hipocritamente católico, desta forma, é querer ferir o íntimo das mulheres que lutam por autonomia e o direito de decidir se querem ou não ser mães. Mas, o discurso parece estar fechado (até porque a Globo orienta-se pelos dogmas da Igreja Católica) e não há chance de debater o aborto sem ser por uma ótica moralista e repressora. O objetivo da novela "Viver a Vida" não é este, e isto já pudemos perceber. Só não aceitamos.
Aborto não é crime e as mulheres não podem, não devem ser punidas porque decidiram tomar esta decisão. Helena e todas as outras que abortaram são seres humanos com direitos e só elas sabem porquê optaram realizar este procedimento, que não é nada fácil decidir. Por isto, como diz a letra de Nando Reis, na música Diariamente, “para a mulher que aborta, repouso”, e acrescento com letras maiúsculas, RESPEITO”.


NENHUMA MULHER DEVE SER PRESA, HUMILHADA, PERSEGUIDA OU MALTRATADA POR TER FEITO ABORTO!


Alguns dados: há vários projetos sobre o tema do aborto no Congresso Nacional. O último projeto apresentado para a legalização do aborto foi resultado do trabalho de uma comissão especial que incluía integrantes dos poderes executivo e legislativo, e a participação da sociedade civil. Este projeto indica que o aborto pode ser feito até a 12º semana por decisão da mulher e até a 20º semana, nos casos que a gravidez é decorrente de estupro ou põe em risco a vida da mãe.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Pela autonomia das mulheres: não nos calaremos!


Por Marina Fuser

Entre vaias e gritos eufóricos, uma multidão provoca um alvoroço nos corredores da UNIBAN. Uma jovem estudante teve que ser escoltada pra impedir que seja agredida sexualmente pelos rapazes mais afoitos, que gritavam em uníssono: “puta, puta”. O motivo é o mais banal possível: uma minissaia.A minissaia, que já perfilava pelos figurinos esportivos em 1929 tornou-se um símbolo emblemático nos efervescentes anos sessenta, quando eclode aquilo que ficou conhecido como “revolução sexual”. No período em que estudantes e operários tomavam as ruas pra protestar contra as múltiplas formas de opressão e de exploração da sociedade capitalista, as mulheres tomaram a linha de frente, colocando em pauta também as suas demandas. Na França, as estudantes da Nanterre reivindicavam o direito a dormitórios mistos. Em Bercley na Califórnia, mulheres rasgaram seus sutiãs em protesto ao moralismo vigente na sociedade. Era o período da pílula anti-concepcional, da utopia de um amor-livre: livre de moralismos, livre das hierarquias que colocam a mulher no papel de submissas.Mais de 40 anos se passaram e a nossa geração presencia um episódio vergonhoso, em que uma mulher é humilhada em um local público pelo simples cumprimento de sua saia. O mais paradoxal é o fato de isso ocorrer numa universidade: local de produção de conhecimento. Conhecimento nada tem a ver com o que ocorreu na UNIBAN na semana passada. Muito pelo contrário, foi uma demonstração de ignorância e machismo exacerbado. A moral de uma sociedade que divide as mulheres entre as esposas, aquelas que devem viver em função dos maridos, confinadas no lar, seguindo o mandamento da bíblia que diz: “crescei-vos e multiplicai- vos”; e aquelas outras, as “putas”, que só servem pro prazer contingente do homem. Objetificadas, estas não são dignas de respeito. São “putas”: a elas não cabe a dignidade de serem tratadas como seres humanos.Por trás desse moralismo, está a supremacia da ordem patriarcal, tão proferida pela Igreja Católica, que condena o divórcio, que é contra todos os métodos anticonceptivos, que faz de tudo pra manter o aborto na ilegalidade “em nome da vida”, enquanto mais de 62.000 mulheres dos estratos mais pauperizados da sociedade morrem por ano por conta de abortos clandestinos. A hipocrisia da Igreja que condena o prazer mundano recai sobre as mulheres que ousam sair de sua imanência, como pecadoras. De acordo com essa lógica medieval, elas merecem ser queimadas na fogueira. E as chamas da inquisição são reanimadas a altos brados nos corredores da UNIBAN.
É lastimável que um episódio como esses tenha ocorrido em pleno século XXI. Isso demonstra que pouco aprendemos com as lutas travadas pelas gerações anteriores, ao passo que escancara o moralismo e o machismo ainda muito aflorados na atual sociedade.