quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ética na comunicação


Por Mabel Dias


Foi realizado em São Paulo, nesta semana, o seminário “A liberdade de imprensa e a ética na comunicação”. A iniciativa é do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, através de sua Comissão de ética.
De acordo com Denise Fon, uma das integrantes da Comissão de Ética do Sindicato paulista, a quantidade de denúncias que chega a entidade contra os jornalistas é alarmante, passando por abordagens preconceituosas, pré-julgamentos e apelos à execração pública.
Algumas destas denúncias, conforme Denise, são direcionadas àqueles/as que não são jornalistas, mas “fazedores” de notícias, que começaram a surgir desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que para exercer a profissão de jornalista não se precisa do diploma e que qualquer um/a pode ser jornalista. E desde então, a qualidade do profissional de imprensa caiu muito e com isto os direitos e a valorização da categoria também. Se antes já havia muitos que se diziam jornalistas porque faziam um curso de rádio e TV ou sabiam diagramar um jornal, agora, então, tornou-se ainda mais fácil conseguir um emprego de jornalista e emitir uma carteirinha entre diretores de sindicatos que estão nos cargos apenas para garantir o seu quinhão.
O secretário do Interior e Litoral do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Alcimir Carmo, aponta que é na televisão que se assiste ao maior número de casos de flagrante desrespeito aos direitos humanos, direitos de cidadãos, e até linchamentos morais, em programas os mais diversos nas emissoras de TV, tanto na Capital quanto no interior de São Paulo. A realidade de São Paulo não é diferente da do restante do país.
Aqui na Paraíba, seja na TV, no rádio ou no jornal, podemos conferir diversos programas/matérias que encaram os problemas sociais como caso de polícia, e fazem um verdadeiro tribunal midiático, expondo as pessoas à execração pública, como bem atestam as/os companheiras/os do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. O que se passa em São Paulo é a realidade do que vemos aqui na Paraíba.
A exposição de cadáveres, a busca por histórias grotescas e de onde se possa “extrair sangue” para atrair o público, além da exposição do corpo da mulher como mercadoria, fazem parte da pauta daqueles veículos de comunicação que há muito perderam o interesse em fazer um jornalismo ético, e comprometido em informar de fato. O interesse passa apenas pelo lucro e nos índices de audiência.
Diante deste quadro quase aterrador que passa o jornalismo brasileiro, iniciativas como esta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo são mais do que louváveis e devem ser reproduzidas pelo Brasil. Precisamos cada vez mais incentivar eventos como este e traçar meios de combate ao que nos empurram como jornalismo, e que só faz prestar um mal serviço de comunicação à sociedade. Nós, jornalistas, fazemos parte da sociedade, e junto com ela, precisamos exercer o controle social da mídia, fiscalizá-la, e fazer com que se produza programas com conteúdo qualificado e que digam respeito aos reais interesses da população. Afinal, somos comunicadores SOCIAIS.

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