terça-feira, 20 de outubro de 2009

Arbex Jr: "A mídia é o grande partido da burguesia"


O jornalista José Arbex Junior, um dos editores da revista Caros Amigos, esteve esta semana em João Pessoa participando da “IV Semana pela Democratização da Comunicação”. O evento é uma realização do Coletivo de estudantes Comjunto e acontece na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) até sexta-feira (23). O auditório 411 do CCHLA ficou lotado para conferir a palestra de Arbex, que participou da mesa “A comunicação na batalha das idéias: a importância da mídia para a classe trabalhadora”, junto com o dramaturgo Márcio Marciano.
Sempre li os textos de Arbex, com seu jornalismo crítico e contestador, e me identificava bastante. Este sempre foi o tipo de jornalismo que quis fazer, sem rabo preso e falando o que realmente eu pensava. A primeira vez que ouvi falar em Arbex Junior foi quando eu ouvi uma entrevista que ele, e o também jornalista Cláudio Tognolli, deram a rádio CBN há alguns anos, onde falavam sobre o livro “O século do crime”, de autoria deles. Fiquei fascinada! E assim, que soube que ele estaria em João Pessoa falando justamente de um tema que também é de meu interesse, não podia deixar de conferir.
Ao passo que o dramaturgo leu um texto que falava sobre o tema da mesa – que ficou muito bom e bastante critico a comunicação de massa – Arbex , de maneira bem humorada, conversou diretamente com o público e lançou a pergunta ao público do porquê era preciso democratizar a comunicação. Durante todo o tempo, ele reforçou o seu apoio ao Movimento Sem Terra (MST), que para ele, é um dos movimentos sociais mais importantes da atualidade no Brasil e citou a cobertura jornalística que é dada ao MST, trazendo noticias que sempre deturpam as ações do movimento. Arbex questionou a grande mídia, com argumentos bastante fortes e bem fundamentados, além de explicar o que está por trás das noticias que tem como objetivo criminalizar os movimentos sociais. Para isto, ele citou exemplos, como a grande cobertura que a Globo e demais emissoras burguesas deram ao caso da ocupação do MST a fazenda Cutrale, mas deixou de cobrir o impeachemt que estava prestes a acontecer da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusis. “A Globo não questiona o que a Cutrale está fazendo, pois está em terras públicas, que são passíveis de reforma agrária e deixou de lado a cobertura do impeachament da governadora Yeda Crusis, por roubar o dinheiro público, uma ladra”, alertou José Arbex. Em tempo: o impeachament da governadora foi arquivado nesta terça-feira, 20, sobre fortes manifestações da população gaúcha.
O jornalista, que é autor do livro “Jornalismo canalha”, disse que a mídia é o partido da burguesia e que se lutamos contra a burguesia é preciso que criemos a nossa própria mídia, com uma linguagem diferente do que a grande mídia usa. Ele também falou sobre as conferências de comunicação que estão acontecendo no país e disse que com elas é possível conseguir alguns resultados positivos para a democratização da comunicação. A criminalização dos movimentos sociais, defende Arbex, está diretamente ligada ao trabalho que a imprensa vem fazendo de criar noticias que mostrem que os ativistas políticos estão fazendo baderna, confusão, que são vândalos, e não que estão defendendo o Brasil da destruição que a burguesia está causando. “A mídia não mostra o que a AraCruz, que produz papel, está fazendo querendo plantar eucaliptos nos pampas gaúchos, provocando assim o fenômeno do deserto verde, o que vai ocasionar a destruição de toda a flora e fauna ao redor”, disse ele.
Respondendo a sua própria pergunta sobre democratizar a comunicação, Arbex afirmou: “A midia mente, calunia, deturpa os fatos, falsifica as informações; ela exerce influência sobre a população e faz com que, até aqueles/as que são simpáticos aos movimentos que questionam esta sociedade burguesa, acreditem nestas informações fabricadas e se voltem contra estas causas sociais, dos sem terra, das mulheres, dos/as negros/as, etc, por isto, é importante que aconteça esta democratização e que seja feito pelos/as próprios/as trabalhadores/as”.

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