"Enquanto existir perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever" - Clarice Lispector
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Sinjope realiza encontro entre assessores de comunicação
Por Mabel Dias
O Sindicato dos Jornalistas do estado de Pernambuco promoveu neste último final de semana o 5º Encontro Estadual dos Jornalistas em Assessoria de Comunicação, no hotel Jangadeiro, Boa Viagem. “Liberdade de Expressão e o Jornalismo em Assessoria de Imprensa” foram os temas que nortearam o encontro, que contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas, entre estudantes e profissionais.
O ponto alto do evento ficou por conta do jornalista e apresentador da TV Brasil, Laurindo Leal, e da professora de comunicação e integrante do Conselho Curador da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Ana Veloso.
Laurindo Leal fez duras críticas a mídia brasileira que, segundo ele, não mostra ao público a realidade que o mundo está vivendo. “Não estamos tendo uma crise econômica, como diz a mídia burguesa, mas sim uma crise do capitalismo, que torna os ricos, em menor número, mais ricos, e os pobres, em maior número, cada vez mais pobres”, afirmou Lalo Leal. O apresentador do programa Ver TV, da TV Brasil, se mostrou inquieto e preocupado com os rumos que o jornalismo vem tomando no Brasil, seja no mercado ou nas universidades. “Quando o estudante sai da universidade e vai enfrentar o mercado, na maioria das vezes, ele se guia pela lógica do patrão e não está mais preocupado com a situação em que se encontra a sua categoria; sua preocupação é galgar os mais altos postos na hierarquia da empresa”, alerta.
Laurindo Leal falou também sobre o monopólio das comunicações no Brasil, em que poucas famílias dominam um grande número de empresas de comunicação, o que afeta a democracia. Segundo ele, este tipo de situação acontece no país porque a Constituição Federal não regulamenta a maioria dos artigos dedicados a comunicação, deixando temas importantes como monopólio e oligopólio sem nenhuma regulação legal, o que dificulta o exercício da liberdade de expressão. “Esperamos que o marco regulatório das comunicações possa mudar este quadro. Este marco nada mais é do que a promoção de uma maior liberdade de expressão e do pleno exercício do direito à comunicação pela sociedade brasileira”, afirmou Laurindo Leal.
A jornalista e professora de comunicação, Ana Veloso, trouxe para o debate a estreita ligação entre os políticos de Pernambuco e as concessões de rádio e TV. “Existem políticos que nem sequer tem mandato, mas continuam exercendo seu poder, permitindo que os programas que violam os direitos humanos permaneçam no ar”, alertou. Ana Veloso revelou que algumas empresas de comunicação do estado proibiram os jornalistas de acessarem redes sociais, como facebook e o twitter, e tem contratado estagiários para realizar o trabalho de profissionais, que chegam a trabalhar cerca de 8 horas por dia.
Durante o 5º EEJAC, Ana Veloso e Lalo Leal falaram também sobre a audiência pública que os parlamentares Marcelo Crivella (PRB-RJ), Anthony Garotinho (PR-RJ) e o senador Lindberg Farias (PT-RJ) convocaram na semana passada para anular a decisão do Conselho Curador da EBC que recomenda a suspensão da veiculação de programas religiosos em suas emissoras de rádio e TV. Conforme a Resolução 02/2011, do Conselho da EBC, os atuais programas religiosos veiculados pela empresa "não correspondem ao caráter plural do fenômeno religioso" no Brasil, ao dar preferência a religiões de orientação católica e evangélica.
A direção da EBC havia proposto cessão na grade da programação de 26 minutos para católicos, evangélicos e religiosos dos cultos afro-brasileiros, e mais 13 minutos para as religiões consideradas “minoritárias”, como espírita, muçulmana, judaica, tradições indígenas, budista e esotéricas.
Daniel Aarão, único representante do Conselho Curador presente à audiência, revelou que não existe qualquer documento ou contrato entre as instituições religiosas e a EBC para a veiculação das celebrações. “Tudo foi feito na informalidade, nos moldes do patrimonialismo brasileiro”, diz Aarão. Ele disse que a manutenção dos “programas” religiosos, vai de encontro ao principio da laicidade do Estado, além de excluir as demais organizações religiosas da mesma oportunidade midiática.
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