sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os dois lados da mesma moeda

Por Mabel Dias

No dia 25 de janeiro, o lutador e professor de jiu jitsu, Rufino Gomes, conhecido por “Morceguinho”, foi assassinado no bairro do Bessa. Poucos meses depois, as pessoas responsáveis pelo crime foram descobertas pela polícia. Três jovens, um empresário e dois estudantes de medicina, de classe média alta, brancos, que estavam foragidos até a presente data, quando se apresentaram a polícia na manhã desta sexta-feira (1º) e foram notificados oficialmente da acusação.
Apesar de serem os autores e mentores do assassinato do professor, os rapazes vão responder ao processo em liberdade. O desembargador Leôncio Teixeira concedeu habeas corpus em favor dos mesmos. O motivo do crime?O mais torpe possível: por causa de briga em uma casa de show na cidade de Cabedelo. Rufino Gomes foi pego em uma emboscada e assassinado com três tiros da cabeça.
É difícil entender como funciona o Judiciário brasileiro. Mas sei que a lei proporciona várias brechas para conseguir não ir para cadeia e responder a crimes em liberdade. Os juristas virão com outra conversa, mas sabemos muito bem como a banda toca. Principalmente, quando se tem dinheiro para se pagar bons advogados e quando se tem influência e “alguns conhecimentos”. Em alguns casos, quando é decretada e prisão de um acusado de um crime, que seja de classe média alta, ou ele morre, consegue fugir ou fica apenas alguns dias na prisão e logo em seguida é liberado.
Casos como o do lutador de jiu jitsu existem aos montes na Paraíba e no Brasil. Um deles é o da estudante Aryane Thais, que foi assassinada há 3 anos, e até hoje, o principal suspeito de tê-la matado, seu namorado, estudante de Direito, Luis Paes, continua solto. Ele deve ir a júri popular, mas mesmo assim a data ainda nem foi marcada.
Outra caso, também na Paraíba, foi da estudante Márcia Barbosa, que foi assassinada e o acusado do crime foi o ex-deputado, Aécio Pereira, já morto. Ele foi a júri popular, condenado, mas respondia ao processo em liberdade. Morreu poucos meses depois de ser condenado.
Se os assassinos de “Morceguinho” fossem moradores de bairros carentes de João Pessoa com certeza estariam encarcerados. O julgamento? Nossa! Aconteceria muito tempo depois da prisão. Não é à toa que muitos permanecem anos esperando julgamento, dentro dos presídios. Quando conseguem pagar algum advogado tem até esperança de fazer com que o processo corra mais rápido. Quando não, dependem de um defensor/a público para poder ajudá-los. Sem falar nos casos em que existem acusações e prisões arbitrárias e inocentes pagam o preço pelos verdadeiros culpados.
Em entrevista a um jornal de TV, a mãe de “Morceguinho”, disse que a família está destruída e que depois de tudo isto está difícil acreditar em Justiça. Será que precisa dizer mais alguma coisa?

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